domingo, 18 de maio de 2008

Racional ao Emocional ou Vice e Versa

Peixoto gostava de Clarinha, e ela também gostava dele. Conheceram-se na faculdade, na hora do intervalo. Ela cursava Direito, ele Filosofia. Ambos eram aplicados nos estudos. Quem apresentou Clarinha a Peixoto foi uma colega da amiga dele. Tiveram uma longa conversa. Foi amor à segunda vista, pois precisaram conversar mais uma vez para se apaixonarem, a primeira conversa foi apenas acadêmica.

Um namoro intelectual foi iniciado: pouco beijo, muito debate. Concordavam em muitos pontos. E não se incomodavam nem um pouco com isso. Mas, após dois meses de love, tiveram a primeira briguinha. Coisa boba. Para ele. Para ela não. E discordaram num ponto de vista pela primeira vez. Ela se enraiveceu bastante, TPM, sabe. E no ápice da emoção, ela colocou um ponto final na relação. O intelectual-racional Peixoto desesperou-se. Era a paixão.

Foram três dias de silêncio. Nenhuma mensagem de celular, nenhum e-mail, nenhuma resposta e, ainda por cima, ela tomou chá de sumiço. Após a briga, não foi mais às aulas. Foi demais para Peixoto. Não conseguia parar de pensar nela, não conseguia prestar atenção nas aulas, não conseguia elaborar um argumento, não conseguia filosofar. A vida estava insossa. Peixoto tentou folhear um jornal para distrair-se um pouco. Foi aí então que viu um anúncio, bem no canto da página. Era um texto corrido, escrito num quadrado de cores frias que anunciava: “Búzios, vidência, amarração. Separação, vícios, saúde, amor mal resolvido, devolvo a pessoa amada em poucos dias...” era o que ele mais queria: ter Clarinha de volta. Pegou o celular e por alguns momentos pensou em desistir, pois nunca acreditara naquilo, achava bobagem, charlatanismo, mas o coração falou mais alto. Digitou os números e aguardou ansiosamente. Tu... tu... tu... A cada “tu”, o frio na barriga aumentava. Uma voz rouca atendeu. E no momento da fala de Peixoto, outra voz, desta vez doce e suave, trouxe-o de volta à realidade. “Podemos conversar?” Era Clarinha com o sorriso esticado, bem na sua frente. “Alô?!” Gritava, em vão, a voz rouca do outro lado da linha.

Ele cruzou os braços. Olhou sério para Clarinha, tentando disfarçar a alegria, e disse: “vamos. Sente-se”. O celular tocou. Era a vidente retornando a ligação. Peixoto com o celular numa das mãos ignorou o chamado. Preferiu colocar os pingos nos “is” com Clarinha. E mais uma vez, a racionalidade roubava um cliente da vidente.

Peixoto e Clarinha viveram felizes para... por algum tempo.

Luiz Guilherme Maio/08

Um comentário:

Vini Manfio disse...

hehehhe
gostei

gostei da história