sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Quando ler jornal faz mal ao fígado

Beto Almeida*

Eu não preciso ler jornais, mentir sozinho eu sou capaz." (Raul Seixas)

Ao declarar à revista piauí de janeiro que não lia jornal porque sofre de azia, Lula talvez tenha deixado muitos jornalistas perplexos e desapontados [a versão da revista está aqui e a íntegra da entrevista, aqui]. E também intelectuais inconformados. Roberto Damatta, por exemplo, reagiu num típico "pito acadêmico" proclamando, em artigo publicado no Estado de S.Paulo que não se pode ter discernimento da realidade sem a leitura, mas parece tomar uma crítica informal de Lula a um certo jornalismo como se fosse uma aversão à leitura em geral.

Ao repreender Lula porque este parece "estar seguro de que é mesmo possível saber das coisas por tabela e em segunda mão, por meio de olhos alheios", Damatta talvez polemize mais com Schopenhauer do que com o presidente. O célebre filósofo alemão também já havia causado muita celeuma, há mais de século, quando levantou dúvidas acerca da possibilidade de uma correta compreensão da realidade unicamente a partir da leitura, pondo em dúvida a qualidade dos textos, inclusive nos jornais. Questionando aqueles que absolutizam a leitura, Schopenhauer afirma que "assim como a leitura, a mera experiência não pode substituir o pensamento". E para aqueles, como Damatta, que deploram os que não lêem e porque aprenderiam por tabela, o pensador germânico sustenta ainda que "um livro nunca pode ser mais do que a impressão dos pensamentos do autor", alertando que "quando lemos, somos dispensados em grande parte do trabalho de pensar" e que "a nossa cabeça é, durante a leitura, uma arena de pensamentos alheios".

Instrumento de desinformação


Citá-lo não significa defender suas posições históricas, mas adicionar elementos à polêmica atual, quando vivemos na "idade mídia", sob intenso dilúvio informativo, com variadas possibilidades de informação. A celeuma levanta também reflexões interessantes, não só comentários injustos, já que Lula não fez nenhuma apologia da não-leitura, fez uma crítica ao jornalismo atual. E o fez a seu modo, com um raciocínio nada convencional, porque é o raciocínio simples e direto, sintonizado e compreendido pela grande massa da população que, durante toda uma vida, também foi praticamente proibida da leitura. Assim, poderíamos partir do princípio afirmando que, tal como a esmagadora maioria do povo brasileiro, o presidente Lula também não lê jornal.

E confessa. As razões são múltiplas e até diferentes em cada caso.

O argumento de que não pode haver discernimento da realidade sem a leitura também pode conter uma injusta soberba acadêmica para com esta grande maioria de brasileiros hoje ainda proibida da leitura de jornais e livros, por razões fundamentalmente sócio-econômicas. É injusta porque ignora ou despreza outras modalidades de discernimento, interpretação e ação transformadora das grandes massas sobre esta mesma realidade.

Segundo estatísticas da Unesco – talvez não sejam as mais atuais –, a taxa de leitura de jornais e revistas no Brasil é inferior à da Bolívia, país mais pobre da América do Sul, mas que acaba de realizar uma façanha que exige reconhecimento de todos nós: a Bolívia foi declarada no dia 20 de dezembro último, pela mesma Unesco, "território livre do analfabetismo". Segundo a agência da ONU, enquanto no Brasil são lidos apenas 27 exemplares de jornais ou revistas por cada grupo de mil leitores, na Bolívia são 29 exemplares. Talvez o que devesse merecer mais a preocupação da academia é o fenômeno da leitura-proibida, um sistema que torna difícil o acesso dos brasileiros à leitura, que não educa leitores, que não democratiza livros – ao invés de uma quase indignada/desconcertada reação diante da evidente crítica feita pelo presidente Lula à qualidade do jornalismo praticado no Brasil.

Será que a informalidade da crítica de Lula – preciosa característica do presidente, sobretudo quando a cultiva no exercício do cargo – a um certo jornalismo – que já chegou a entrar de modo desrespeitoso e arrasador na vida pessoal e familiar do presidente em sua primeira campanha, ao mesmo tempo que preservou obedientemente outros presidentes do mesmo desconforto – não tem razão de ser? Estaria, afinal, acima de críticas, um jornalismo que tem reiteradamente operado mais como desinformação da sociedade do que como a instrumento de comunicação social tal como estabelecido pela Constituição Federal?
Ouça um bom conselho
Tomemos alguns casos recentes de "jornalismo que faz mal ao fígado", alguns já argumentados pelo próprio presidente, para alargarmos este debate.

Quando o governo brasileiro propôs à Unasul, em sua primeira reunião, a formação de um Conselho de Defesa Sul-americano, praticamente todos os jornais estamparam, com fartura, que a proposta havia sido derrotada, rejeitada, um fiasco afinal. Pouco tempo depois, a proposta do
Conselho, debatida e examinada com tempo pelos governos, foi oficialmente aprovada e é uma hoje uma realidade. Mais do que isso, tem a importância histórica de ser uma entidade sem a presença dos EUA, que sempre tutelaram a região com ferro e fogo das ditaduras, mas também de representar um esforço coordenado de recuperação da indústria bélica regional, com a relevância intrínseca – ainda mais destacada por vivermos num mundo de sombras, tensões e violência – de promover independência tecnológica setorial.

Afinal, um país sem defesa não tem soberania! Será que os jornais que manchetearam "o fracasso do Conselho", estariam agora dispostos a confessar seu equívoco e reavaliar a informação defeituosa que difundiram? E a esclarecer, com informações verazes, o significado de reorientação estratégica que a nova entidade tem, sobretudo quando os países emergentes foram praticamente obrigados a aceitar a demolição de suas políticas de defesa e de suas indústrias bélicas? Alguém sabe informar se o Procon também cuida de informação com defeito?
A fazenda que não foi vendida

Um segundo caso diz respeito também à família do presidente, sempre alvo de comentários preconceituosos, como de resto os que se lançam também contra o presidente Evo Morales, por ser indígena, ou ao presidente Hugo Chávez, por suas características étnicas e sua origem militar. Refiro-me à "notícia" de suposta compra de uma grande fazenda por um dos filhos do presidente Lula. Até o portal do Centro de Mídia Independente reproduziu a suposta transação, acompanhada de inúmeros comentários insultantes e ofensivos ao presidente Lula.

E mesmo depois que numa pequeníssima nota da Agência Estado o proprietário da referida fazenda esclarecia que já estava cansado de atender jornalistas ao telefone e desmentir cabalmente que tenha vendido o imóvel para o filho do presidente ou para qualquer outro, assim mesmo nem a Central de Mídia Independente dignou-se a corrigir seu erro de difundir versões de um "jornalismo que faz mal para o fígado", mantendo até bem pouco tempo no portal, a falsa notícia da compra da fazenda e a mesma coleção de insultos ao presidente, nem os outros veículos cuidaram de divulgar as declarações do verdadeiro proprietário do imóvel desmentindo a transação. Qual o nome que deve ser dado a este "jornalismo"? Ou melhor, será isto jornalismo? Mas que dá azia... isso dá.
Os profetas do calote

Mais recentemente, O Globo estampou em primeira página manchete sobre a preparação de um calote do Equador contra o Brasil, insinuando que até uma funcionária da Receita Federal brasileira havia sido cedida para trabalhar nesta operação, cujo intuito seria o de evitar que os financiamentos feitos pelo BNDES ao país andino fossem saldados. Gravíssima acusação: o governo cederia uma funcionária para preparar calote contra si. Mas o jornal não publicou o pedido de direito de resposta da funcionária da Receita, informando objetivamente que não tinha prestado qualquer consultoria técnica relativa a financiamentos brasileiros ao Equador, mas sim, à Auditoria da Dívida Privada que está curso naquele país, uma decisão de Estado inscrita na Constituição, tal como consta das Disposições Transitórias de nossa Constituição a realização de uma auditoria da dívida.

No fundo, este é o temor dos banqueiros refletido por este jornalismo que dá azia, um jornalismo que cuida de preservar os indecentes privilégios que o setor financeiro tem no mundo da economia da especulação que despreza o valor do trabalho, transformando o sistema bancário mundial numa bancocracia, ou verdadeiro cassino, como também lembrou o presidente. Há quanto tempo não temos um presidente que chama as coisas pelo verdadeiro nome! Pois bem, especulou-se no jornal, depois no rádio, depois na TV, sobre o calote equatoriano ao Brasil, o jornalismo aziago teve todo o espaço do mundo, consultores ligados aos bancos foram hiper-entrevistados, repetiram-se, anunciaram o caos.

Mas quando, na semana que passou, o governo equatoriano pagou a parcela de 243 milhões de dólares da dívida para com o BNDES, os profetas do calote se calaram, os consultores desapareceram e o Globo não informou aos seus leitores, com a mesma importância que havia dado inicialmente ao tema, que não houve calote. Eis aqui um exemplo de como a leitura de jornal também pode não conduzir a um correto discernimento da realidade...
A retórica do Itamaraty

Muitos exemplos justificam uma maior reflexão e elaboração sobre o que vem a ser um jornalismo de desintegração, aquele que desconsidera ou não informa sobre a implementação de medidas reais, de Estado, visando à integração regional latino-americana. A este jornalismo da desintegração, que também pode causar azia, que decreta editorialmente que a integração é apenas retórica diletante do Itamaraty, deve-se contrapor com um jornalismo de integração, ainda por ser elaborado, mas que tem como sustentação teórica, histórica e política nada menos que a Constituição, na qual está consolidado que a construção de uma integração latino-americana baseada na solidariedade, na economia, na cultura, na informação é um objetivo da República Federativa do Brasil.

Claro, o jornalismo que faz mal ao fígado prefere apenas cultuar e pôr em prática o artigo 166 da Constituição, aquele que sacraliza a gastança com os serviços da dívida, tornando-os mais importante do que merenda escolar, saúde pública, habitação popular, previdência social etc. Contra esta gastança, esta verdadeira esterilização de recursos públicos nos juros da dívida, o jornalismo aziago nada informa. Quando o Brasil realizou com sucesso o teste do Veículo Lançador de Satélites, em dezembro, a mídia não noticiou, ignorando a dimensão deste fato – quando apenas um clube fechado de países tem acesso ao mundo da estratégica economia satelital. Tal como ignorou quando a Venezuela recentemente lançou o satélite Simon Bolívar, preferindo ironizar que Chávez tenha declarado que é um satélite socialista. Sim, será colocado à disposição de países pobres para a cooperação. Onde cabe a ironia? Ambos os casos são de avanço da independência tecnológica.

Aliás, foi necessário um "presidente que não lê", conforme define o acadêmico Damatta, para que o idioma espanhol tenha se transformado em matéria obrigatória nas escolas básicas brasileiras, com indiscutível impulso à integração latino-americana, como também para que o Brasil assumisse a construção da Unila (Universidade da Integração Latina-Americana), assim como a Universidade da África, em Redenção, cidade cearense pioneira na abolição da escravatura. Mas, para o jornalismo da desintegração, tudo isto é apenas retórica itamarateca terceiro-mundista. Mesmo a retirada do dólar nas operações comerciais Brasil-Argentina, a cooperação entre os dois vizinhos na construção de um carro de combate, na indústria aeronáutica e na esfera nuclear, ou a participação brasileira na construção de um gasoduto na Argentina, ou nas obras de infra-estrutura no Peru e Bolívia, na construção da estrada que ligará finalmente o Atlântico ao Oceano, a presença da Embrapa na Venezuela ou no Timor Leste, da Petrobras em Cuba, tudo isto é apenas retórica, farta-se de repetir o jornalismo que faz mal ao fígado. Mas quando aquele chanceler de sobrenome judeu tirou o sapato ante as ordens de um guardinha da alfândega dos EUA, este mesmo jornalismo tangenciou a simbologia do gesto. Como qualificar? Vocação para a vassalagem?

"Territórios livres do analfabetismo"

Muito ainda precisa ser feito para que o Brasil supere seus níveis indigentes de leitura, sobretudo no campo das políticas públicas. É motivo de preocupação a monopolização do setor editorial, sobretudo a do livro didático, bem como sua desnacionalização e controle por editoras estrangeiras muito próximas da Opus Dei. Mas são salutares, e devem ser expandidas fortemente, as políticas públicas já implementadas pelo governo Lula e governos como o do Paraná para assegurar o livro didático público e gratuito aos milhões.

Estamos na era das mudanças e na mudança de eras também quando o país mais pobre da América do Sul, a Bolívia, consegue extirpar a praga do analfabetismo ou quando a Venezuela, também declarada "território livre do analfabetismo" pela Unesco, distribui gratuitamente 1 milhão de exemplares do livro Dom Quixote, de Cervantes, de Os miseráveis, de Vitor Hugo e de Contos, de Machado de Assis, este com uma distribuição gratuita de 300 mil exemplares. Basta informar que a tiragem padrão de livros no Brasil é de apenas 3 mil exemplares. Segundo a Unesco, Cuba chegou a publicar em 1986, 480 milhões de exemplares de livros num ano, quando sua população era de apenas 10 milhões de habitantes. Ainda temos muito que aprender, muito por fazer nesta área.
A dialética do retirante

Mas, esta dívida informativo-cultural despejada pelas elites sobre o povo brasileiro, proibindo-o da leitura, não deve ser mecanicamente dimensionada como um obstáculo intransponível para que os milhões e milhões que não lêem jornal ou qualquer coisa não tenham um discernimento adequado da realidade. Talvez não tenham o "discernimento" que segmentos das elites, econômica ou cultural, gostariam que o povo tivesse, sobretudo para uma escolha eleitoral sintonizada com a linha editorial do jornalismo que faz mal ao fígado. Realmente, a maioria do povo, tal como o presidente Lula, na sua dialética de retirante, foi obrigada a desenvolver uma interpretação realista do mundo para salvar a própria vida. Lula declarou recentemente que quando um nordestino que nem ele consegue vencer a pena de morte da elevada taxa de mortalidade infantil no nordeste, "torna-se um encrenqueiro".

Para os que admiram o fato de que ele tenha levado 13 dias de viagem num pau-de-arara para ir de Garanhuns a São Paulo, dormindo ao relento e cozinhando com as águas barrentas do Velho Chico, ele lembrou que seus tios, que também não liam jornal, já tinham feito o mesmo percurso, mas em seis meses, porque o fizeram a pé! São atos heróicos que apontam para uma outra leitura do mundo, a partir da dialética do retirante, tão capaz de permitir um real discernimento da vida, como capaz de permitir que salvassem suas próprias vidas, e permitindo-lhes progredir na mobilidade social, superar os estágios de sobrevivência vegetativa quase animalesca a que estavam condenados no nordeste sem água, sem terra, sem trabalho e sem nada! E sem jornal para ler...

Talvez alguns círculos acadêmicos se irritem ainda mais com esta abordagem e a condenem como elogio à não-leitura. Mas, o que se trata de argumentar aqui é que para aqueles milhões de brasileiros condenados à não-leitura, por razões do elitismo sócio-econômico, não há outra saída senão inventar uma forma nova de ler o mundo, de caminhar na vida, de discernir, sim, a realidade e de uma forma tão eficiente que lhes permitiu, no caso de Lula, sair da indigência do sertão, preparar a si próprio para escapar da pena de morte da fome, preparar coletivamente a classe trabalhadora para fazer política, construir instrumentos como o PT e a CUT para viabilizar o protagonismo dos próprios trabalhadores na política e alcançar a Presidência da República.
E o fez não exatamente a partir da leitura de jornal, mas informando-se profundamente sobre o funcionamento da sociedade. Afinal, nem sempre ler jornal é informar-se. Em muitos casos, como vimos acima, é exatamente o contrário.A provocação de Schopenhauer ainda está bailando por aí. E ele acrescenta: "Há eruditos que ficam burros de tanto ler."

O rentista e o faxineiro


Episódio saboroso para refletirmos é o caso Maldoff, quando o megaespeculador, ex-presidente da Bolsa Nasdaq, baseada em sua credibilidade neste mundo da economia virtual, arquitetou uma fraude de 50 bilhões de dólares que lesou também rentistas brasileiros. Esta minoria de brasileiros, experimentados na arte de ganhar dinheiro sem produzir um prego ou sem mesmo trabalhar, escolados na evasão de divisas para paraísos fiscais, provavelmente não imaginavam que um dos seus ícones do mundo financista os lesaria. Pois bem, nem toda a leitura do mundo – ou talvez tenha sido exatamente excesso de certa leitura – os salvou do rombo. Talvez não tivessem o correto discernimento de que a economia especulativa era insustentável, que o castelo de cartas ia cair e continua caindo...

Enquanto os poucos rentistas que evadem divisas para o exterior estão sendo lesados por "profissionais" mais experimentados, o faxineiro do Aeroporto de Brasília, que achou um envelope de milhares de dólares no lixo e o devolveu ao dono, nos oferece um fortíssimo exemplo para reflexão. Ele, que também não lê jornais, tem uma leitura do mundo, um discernimento da realidade, que o leva a ser ético, limpo e honesto, com o dinheiro alheio, a despeito da avalanche de exemplos negativos que recebe das elites, sobretudo de financistas.

Montanhas de preconceitos elitistas também foram despejadas contra Evo Morales, o valente presidente de uma Bolívia que sai das trevas do neoliberalismo. Pois poucos sabem que Evo viveu, quando criança, em Tucumã, na Argentina, onde sua família tentou sobreviver trabalhando no corte de cana. E o menino Evo também foi reprovado na escola primária argentina, com um veredicto que deveria ser amplamente discutido hoje: os pedagogos argentinos chegaram à conclusão que Evo era inapto para o mundo letrado. Uma condenação que não levava em consideração sua condição de indígena, sua noção de tempo, sua postura frente à natureza, seu comportamento destoante das relações sociais de uma sociedade consumista e individualista, as dificuldades para pensar e escrever no idioma espanhol, que não era o seu idioma originário, a carga do preconceito e humilhações que sofreu por parte de seus colegas não-indígenas...

Hoje, o menino que havia sido condenado como incapaz para o letramento é o presidente da República da Bolívia e foi o mandatário que transformou a economia mais débil da América do Sul em "território livre do analfabetismo"! Como, então, afirmar soberbamente, de modo absoluto e mecânico, sem considerar as dialéticas do retirante Lula e do indígena Evo, que sem leitura é impossível haver o discernimento da realidade? Aliás, o próprio método de alfabetização cubano, aplicado na Venezuela, na Bolívia, em indígenas da Nova Zelândia ou no Haiti, considera que os educandos já têm acesso a um conjunto de informações que vão decodificando deste mundo complexo da idade-mídia e têm uma capacidade de discernimento, sim, razão pela qual é possível reduzir drasticamente o tempo de alfabetização, sendo o tempo, segundo Marx, a "matéria-prima mais preciosa da humanidade".

Jornalismo público e cidadão


Foi exatamente o presidente que teve menos acesso à leitura o que teve a grande sensibilidade de ver que boa parte da programação da televisão brasileira é simplesmente degradante, embrutecedora, animalizante. E criou a TV Brasil, que enfrenta seus desafios para expandir-se, consolidar-se, qualificar-se e caminha positivamente, saldando um pouco daquela imensa dívida informativo-cultural que despejou contra os brasileiros, sobre aqueles proibidos da leitura. Foi ainda o presidente que não lê que trouxe de volta, para o bem-estar da civilização, o ensino obrigatório da música e da filosofia nas escolas, abolido antes por presidentes que devoravam livros e... também direitos humanos. Villa-Lobos e Sócrates agradecem.
Enquanto isto, dos rigorosos críticos da academia jamais se ouviu um queixume sobre, por exemplo, o fato da própria Constituição de 1988 não ser acessível ao povo, não só materialmente, mas também na sua linguagem, bastante incompreensível para a grande maioria proibida da leitura. No entanto, apesar do povo jamais ter tido acesso à Constituição, há uma lei que estabelece que o conhecimento das leis é obrigatório pelo cidadão, que a ninguém é dado o direito de desconhecer a lei. Enquanto o presidente que não lê está criando instrumentos para reduzir o desequilíbrio informativo no país, além de expandir a universidade pública e multiplicar os institutos tecnológicos, ainda não se ouviu da academia uma proposta concreta para reverter este absurdo de termos uma Constituição desconhecida, de conhecimento exigido a todo um povo que não a pode ler.

Quem sabe não é chegada a hora, diante de tantas identidades entre Lula e Evo, que a decisão do presidente da Bolívia de criar um jornal público a ser editado aos milhões, com distribuição gratuita ou acessível às grandes massas pobres bolivianas, que agora já sabem ler, fosse também implementada aqui no Brasil? Sempre lembrando que o Brasil tem a maior economia da região, tem uma capacidade ociosa crônica de 50% em sua indústria gráfica, ao mesmo tempo em que tem um povo sem qualquer acesso a jornal.

É bem provável que os círculos acadêmicos que tentaram identificar uma crítica de Lula a um certo tipo de jornalismo como uma elegia à não-leitura não tenham agora razões para não apoiar a estruturação de um jornal popular público, de distribuição gratuita e massiva, aos milhões e milhões, aproveitando esta indústria gráfica semi-paralisada e os contingentes de jornalistas e escritores desempregados e sem ter onde escrever. Ao criar a Voz do Brasil, Vargas permitiu que milhões de brasileiros sem acesso a jornal e não alfabetizados tivessem acesso a informações, sobretudo alguma presença dos poderes públicos nos grotões, numa verdadeira ação radiofônica de integração nacional. Como sabemos, ainda hoje a Voz do Brasil é a única fonte de acesso de milhões de brasileiros espalhados por todos os grotões sociais, e que não lêem jornais, a informações que a maioria das rádios não difunde, a não ser naquele horário obrigatório. Eis por que a ditadura midiático-financeira trabalha para eliminar a Voz do Brasil.

Não será hora também de se criar um jornal público, popular e gratuito, livre do controle editorial da bancocracia, considerando que o mercado, por si só, dificilmente resolverá o problema de eliminar as várias proibições sócio-econômicas à leitura ainda vigentes? Obstáculos à democratização da leitura de jornal sempre haverá. Monteiro Lobato nos conta um deles. Quando, na década de 1940, procurou os poderosos proprietários de um dos maiores jornais paulistas, propondo-lhes que este diário se engajasse numa campanha para erradicar o analfabetismo, obteve uma resposta desconcertante, mas sociologicamente auto-explicativa. "Ô Monteiro, mas se todos aprenderem a ler, quem é que vai trabalhar na enxada?" Estamos em plena mudança de eras. Aquele que, para oligarquia midiática, deveria estar na enxada, está no Palácio do Planalto. Não lê jornal, mas é um dos brasileiros mais bem informados.

Leia também

O presidente, os livros e os jornalões – Venício A. de Lima

*Jornalista, presidente da TV Comunitária de Brasília

Artigo publicado originalmente no Observatório da Imprensa

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Direto da Redação do Tréplica

CARNE CLANDESTINA

A Vigilância Sanitária apreendeu terça-feira 100 quilos de carne clandestina em uma comunidade rural em Parintins. A carne já estava sendo comercializada em dois açougues na vila Amazônia, localizada a cerca de 5 quilômetros da cidade. Uma denúncia anônima levou os ficais da vigilância sanitária ao local. Essa foi a terceira apreensão só neste mês. Além de causar infecções, o consumo da carne estragada pode transmitir doenças como brucelose e a tuberculose. Os donos dos açougues foram multados e podem ter o estabelecimento fechado.
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INSS

A pedido do Ministério Público Federal no Amazonas (MPF/AM), a Justiça Federal suspendeu a divulgação do resultado do concurso do INSS até que seja analisado o pedido de anulação da prova objetiva do concurso, realizada no dia 11 deste mês. De acordo com o cronograma do concurso, promovido pela FUNRIO, o resultado seria divulgado nessa quarta-feira (28).

Para a Procuradora Regional dos Direitos do Cidadão, Luciana Portal Gadelha, o momento mais adequado à apreciação da validade do concurso é o anterior a divulgação do resultado. Com início marcado para 13h, horário de Brasília, a aplicação da prova em Manaus, começou duas horas depois porque uma das escolas onde o concurso estava sendo realizado, também era local de realização do vestibular 2009 da Universidade Federal do Amazonas (Ufam). O atraso na aplicação da prova objetiva, pode ter comprometido o sigilo da prova, já que os candidatos que aguardavam na quadra de esportes tinham acesso à celular.
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Educação física para gestantes

A maternidade Ana Braga está com inscrições abertas para o curso de educação física para gestantes. Podem participar, grávidas de baixo risco, a partir do terceiro mês, que estejam realizando o pré-natal e não estejam com complicações na gestação. O programa de educação física para grávidas é realizado em parceria com a Universidade Federal do Amazonas (UFAM), e é desenvolvido desde novembro de 2007, por uma equipe multiprofissional composta por enfermeiros, psicólogos, fonoaudiólogos e nutricionistas. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas na Maternidade Ana Braga, no bairro São José. Outras informações, 3249-6822.
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Desaparecidos

O Ministério das Relações Exteriores registrou 1.150 casos de brasileiros desaparecidos no exterior nos últimos cinco anos. Mas o órgão reconhece que esse não é o número exato. Os países com maior quantidade de brasileiros são também onde ocorrem grande parte dos desaparecimentos. De acordo com uma estimativa de 2008 do Ministério das Relações Exteriores, o Japão lidera em números de casos com o registro de 45 brasileiros desaparecidos. Os Estados Unidos são o segundo país com 25 casos.

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Nova Identidade

A partir do segundo semestre de 2009, o Brasil vai adotar uma nova cédula de identidade. Ela será digital e unificada, contendo título de eleitor, CPF e registro de nascimento. Um dos motivos para a mudança é que a cédula digital é mais difícil de ser fraudada. Todos os dados ficarão armazenados em um chip que será anexado ao documento. Dados da Polícia Civil apontam para um número grande de fraudes geradas pela falsificação, acarretando prejuízos a federação.
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FESTIVAL DA GELADEIRA PROPRIA

Um programa do Governo Federal pretende estimular a troca de 10 milhões de geladeiras no país. A iniciativa tem como objetivo reduzir o consumo de energia elétrica. O programa é voltado para a população de baixa renda. Em Manaus, 300 residências vão ganhar novos equipamentos. A nova geladeira vai representar uma economia de até 50%, no orçamento familiar. Os modelos antigos apresentam problemas de vedação da porta, o que elevava o consumo de energia. A troca do aparelho vai possibilitar a retirada do mercado do clorofluor carbono, gás nocivo à camada de ozônio.

ASSALTO MICROONIBUS

Foram autuados em flagrante no 6º Distrito Integrado de Polícia (DIP), localizado na Avenida Noel Nutels, Cidade Nova, zona Norte, o caseiro George Barbosa Pimentel, 21 e o autônomo Márcio Barbosa Pimentel, 22, acusados pela prática de roubo qualificado. O crime, segundo as informações apuradas junto a policiais, aconteceu na noite de ontem (27), na Avenida Max Teixeira, também na Cidade Nova, quando os dois acusados entraram em um microônibus, anunciando um assalto. Os dois teriam levado R$ 80 referentes ao movimento daquela corrida e pertences de vários passageiros. Depois da ação, George e Pimentel saíram do ônibus e fugiram em um táxi. No depoimento, testemunhas disseram ter perseguiram os acusados, até conseguir dominá-los. Após a chegada da polícia os irmãos foram conduzidos ao 6º DIP e foram autuados pelo crime de roubo qualificado, artigo 157, § 2, do Código Penal Brasileiro (CPB).

FRENTISTA ASSALTADA

Foram autuados em flagrante no 12º Distrito Integrado de Polícia (DIP), localizado na Avenida Professor Nilton Lins, Parque das Laranjeiras, zona Centro-Sul, o auxiliar de manutenção Carlos Maurício Alves Ribeiro, 23 e dois jovens de 17, acusados pela prática de roubo. Eles foram presos por policiais militares na noite de ontem (27), na Rua Tancredo e os outros jovens encaminhados para a Delegacia Especializada de Atos Infracionais (DEAAI). De acordo com informações apuradas pela polícia, os flagranteados roubaram um posto de gasolina, levando cerca de R$ 70 e o celular da frentista Milene Pereira Oliveira, 30. No momento da fuga, uma viatura policial passava próximo ao local e atentou para a atitude suspeita dos jovens, que logo em seguida correra. Ribeiro foi preso foi conduzido ao 12º DIP, e os outros jovens encaminhados para DEAA. Onde foram autuados pelo crime de roubo, artigo 157, do Código Penal Brasileiro (CPB).

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Direto da redação do Tréplica

Capacitar
A Secretaria de Estado de Educação (Seduc) anunciou que vai abrir este ano 13 mil vagas para capacitação de professores na capital e interior. Os cursos vão ser oferecidos em duas modalidades, presencial e a distância. Uma parceria com a Universidade do Estado do Amazonas (UEA) também deverá oferecer vagas para cursos de pós-graduação, graduação e complementação pedagógica, ambos direcionados a educadores da rede pública estadual de ensino.
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Codam últimas dias

O prazo para que as empresas enviarem propostas para análise técnica enviarem projetos para inclusão na pauta da próxima reunião do Conselho de Desenvolvimento do Estado do Amazonas (Codam) termina nesta sexta-feira (30).
A primeira reunião do conselho está marcada para o dia 19 de fevereiro. Os investidores podem encaminhar as propostas para análise pela internet através do e-mail projetos@seplan.am.gov.br. Nas seis reuniões do Codam feitas ano passado, o Amazonas aprovou um pacote de 263 projetos que somaram investimentos superiores a R$ 4 bilhões.
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Cai casos de hanseníase
O número de casos novos de hanseníase no Brasil caiu 23% entre 2003 e 2007, conforme o Ministério da Saúde. A melhoria da atenção à saúde, principalmente na rede básica, é apontada como um dos motivos para a queda na detecção de novos registros da doença. Em 2003, foram registrados mais de 50 mil casos. Já em 2007, ocorreram pouco mais de 40 mil notificações. O recuo foi significativo na população com menos de 15 anos, com queda de 27%.
A Hanseníase provoca manchas esbranquiçadas e avermelhadas no corpo. A doença tem cura, mas, se não detectada e tratada precocemente, pode causar incapacidades e deformidades. Os sintomas demoram de dois a cinco anos para aparecerem. O tratamento da hanseníase está disponível gratuitamente na rede que integra o Sistema Único de Saúde (SUS).
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Controlando medicamentos

O valor da movimentação financeira do setor farmacéutico no Brasil, ultrapassa a marca de U$S 10 bilhões ao ano. Os Dados são do Ministério da Justiça.

O valor seria maior não fossem os produtos sem registro, contrabandeados e falsificados. Ano passado, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) apreendeu cerca de 130 toneladas de medicamentos em situação irregular. Para conter esse número, foi criado, esta semana, o Sistema Nacional de Controle de Medicamentos. O Sistema vai monitorar todo medicamento produzido, dispensado e vendido no Brasil.
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Petrobrás cultural

Terminam dia 2 de fevereiro as inscrições de projetos para as áreas de festivais de cinema, festivais de música, difusão de longas-metragens em salas de cinema, e festivais e eventos de artes eletrônicas e cultura digital do Programa Petrobras Cultural. Na quinta-feira, às 15 horas, no site www.petrobras.com.br/ppc/, o Programa vai oferecer um chat com o responsável pelo setor de seleção pública de audiovisual, Romildo Nascimento.

Prefeito e ex-prefeito de coari denunciados por prostituição infantil

A Procuradoria Regional da República da 1ª Região denunciou na segunda-feira (26) à Justiça do Amazonas Seis pessoas, entre elas, o prefeito de Coari, Rodrigo Alves, e o ex-prefeito, Adail Pinheiro, pelo crime de promoção da prostituição infantil. o inquérito produzido pela Polícia Federal indicou Adail Pinheiro como o chefe de uma quadrilha que desviou R$ 35 milhões em verbas públicas. Ainda de acordo com o Inquérito, Adail Pinheiro, Rodrigo Alves e seus assessores pagavam garotas de programa menores de idade agenciadas em Manaus, e as levavam para Coari em aviões fretados pela prefeitura do município e pagas com dinheiro público. Rodrigo Alves já foi preso durante a operação Vorax, da Polícia Federal, em maio do ano passado. Por ter foro privilegiado, o prefeito responderá ao processo na Justiça Federal. Os assessores de Adail Pinheiro, que também foram denunciados, são Adriano Salan, Haroldo Portela e o sargento da Polícia Militar, Antônio Carlos Aguiar. Segundo a Polícia Federal, eles fazem parte da quadrilha que era comandada por Pinheiro e que cometeu, pelo menos, 17 crimes, entre eles formação de milícia, desvio de verba pública e corrupção ativa.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Alfredo, Amazonino e Serafim: os três cavaleiros de 2010

Cliferthon Lucas

Mal acabou o pleito de 2008 e o meio político amazonense já se volta para as eleições estaduais e federais de 2010. Alguns podem dizer que ainda é muito cedo, que a política é dinâmica e que em dois anos tudo pode mudar. Verdade. Tudo pode mudar em 22 meses. Porém, pelo resultado de cinco de outubro último, alianças que eram tidas como certas se desmancharam como pétalas de uma flor. O resultado direto é que quem era amigo até ontem, ou melhor, até o dia cinco de outubro de 2008, agora será adversário direto ou indireto.

Um exemplo disso é a antiga coligação, “União por Manaus”, que tinha o vice-governador Omar Aziz (PMN) como candidato a prefeito de Manaus. Omar, que era apoiado pelo governador Eduardo Braga (PMDB) e pelo ministro Alfredo Nascimento (PR) teve 17% e não avançou para o segundo turno. O plano de Alfredo e Eduardo de iniciar a sua “dinastia política” esbarrou na derrota de seu candidato.

No segundo turno, como todos já sabem, o governador apoio o então candidato Amazonino Mendes (PTB). Com essa aproximação e a reedição brandada aos quatro cantos do estado por Amazonino da “ação conjunta” entre governo do Estado e a Prefeitura de Manaus, foi inevitável o desmantelamento da dobradinha Alfredo-Eduardo.

Sendo assim, temos hoje no Amazonas três grupos políticos que certamente se enfrentarão em 2010. Alfredo não deixará de lado a idéia de se candidatar ao governo do Estado e para isso certamente terá ao seu lado políticos tidos hoje como “braguistas”. A deputada federal Vanessa Graziotin (PCdoB), concorrerá ao Senado Federal na chapa de Alfredo. Não há a mínima possibilidade de Vanessa subir no palanque de Amazonino, que receberá o apoio (se tudo continuar como está) de Eduardo Braga que sairá para disputar uma das duas vagas de senadores.

Portanto, Alfredo será cabeça de chapa com Vanessa e tendo como seu vice o deputado federal Silas Câmara. Tudo ainda está no campo das hipóteses, mas a verdade é que Silas não engoliu ser preterido pelo governador para ser vice na coligação, “União por Manaus”. O deputado evangélico tinha retirado sua candidatura e até levou Omar para ser “abençoado” no Templo Canaã.

Ao lado de Amazonino ele também dificilmente estará. Silas, depois de três mandatos como deputado federal, e presidindo o PTB, levou uma tremenda rasteira de Sabino Castelo Branco. Sabino em uma semana conseguiu, via Roberto Jeferson, a presidência do PTB. Depois, Amazonino assumiu a sigla e foi recebido com pompas pela Direção Nacional. Silas, então, teve que se acomodar no nanico Partido Social Cristão (PSC).

A futura coligação será assim; Alfredo pelo PR, trazendo a reboque o PTdoB, que está com seu fiel escudeiro, Paulo Jacob, Silas Câmara e seu PSC, Vanessa do PCdoB e João Pedro do PT. Essa coligação (PR, PTdoB, PSC , PT e PCdoB) deve ter como tempo de televisão e rádio algo em torno de cinco minutos.

O segundo grupo é comporto pelo ex-prefeito Serafim, que se conseguir manter as atuais alianças do pleito de 2008, subirá no palanque com o senador Arthur Neto do PSDB, Pauderney (se conseguir manter o controle do partido) pelo Democratas e Jeferson Praia que concorrerá a reeleição pelo PDT. A coligação será formada por PSDB, DEM, PDT, PSB e PPS. Essa chapa terá mais ou menos seis minutos.

A terceira força política é a que vai concentrar o maior numero de partidos, consequentemente o maior tempo de televisão e rádio. Será com o prefeito Amazonino Mendes pelo PTB, Eduardo Braga do PMDB, Francisco Garcia do PP e uma penca de partidos nanicos. Amazonino, como não é mais novidade para ninguém será candidato ao governo do Estado, e Braga e Garcia fazendo dobradinha para o Senado Federal.

Essa coligação será composta por PTB, PMDB, PRB, PP, PSL, PTN, PSDC, PRTB, PHS, PMN, PTC, PV e PRP.  Terá quase 10 minutos e fará o maior numero de deputados nas proporcionais. Amazonino será o candidato tendo como vice, José Melo, Rebecca Garcia ou até mesmo a primeira dama, Sandra Braga.

Porém, como diz o ditado, na política até boi voa. Muita água ainda vai passar por baixo dessa ponte e parcerias serão pensadas e desfeitas até lá. Mas dificilmente os candidatos e grupos serão tão diferentes desses aí de cima.

Não descarto o surgimento de candidaturas de partidos como o combatente PSTU e PCO. Mas como sempre não terão as mínimas chances de vencer.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Uma reflexão sobre espaço, linguagem e leitor

Luiz Guilherme Melo

A ciência não é prioridade no Brasil. Isso é fato e não é de hoje. Cientistas brasileiros não são valorizados como deveriam. Outro fato – basta lembrar o padre gaúcho Landell de Moura, que os acadêmicos brasileiros dizem ser o verdadeiro "pai do rádio". Aos poucos, o cenário da ciência no país tem mudado. Pode não ser o tão sonhado paraíso, porém, se comparando com décadas passadas, houve um avanço. Mas ainda há muito que mudar. O foco deste artigo não é o fazer científico, e sim, a relação ciência-mídia-sociedade.

A sociedade, por exemplo, é colocada no escanteio quando o assunto é ciência. Profissionais da ciência são mitificados. Há quem pense, ainda, que cientistas vivem trancafiados em laboratórios semi-escuros, de jaleco e cabelo despenteado, rodeados de frascos com líquidos coloridos e esfumaçantes. A mídia tem poder de quebrar esse mito de uma vez por todas.

Se olharmos o cenário nacional, veremos que os grandes jornais, do Brasil e do mundo, possuem uma editoria fixa para a publicação de notícias, artigos e reportagens sobre pesquisas científicas. No campo das revistas, em nível nacional, há duas publicações muito conhecidas que tratam do assunto, a Superinteressante (Ed.Abril) e a Galileu (Ed.Globo). O mesmo ocorre com sites, programas de TV e até de rádio. Apesar de receber críticas da comunidade científica pela linguagem ou pelos equívocos, a mídia é capaz de estreitar os laços entre a sociedade e o conhecimento científico.

Socializar o conhecimento

De fato, não é fácil simplificar uma pesquisa científica para que fique compreensível à maioria da população. Uma das principais missões do jornalista que trabalha numa editoria de ciência é eliminar os jargões e substituí-los por palavras que façam parte do cotidiano das pessoas. Publicações como a revista Galileu e a Superinteressantesão mensais, o que possibilita aos seus profissionais mergulhar fundo no assunto, entrevistar o maior número de especialistas e organizar esse monte de informação num texto atraente, agradável de ler e que usa e abusa de metáforas e outras figuras de linguagem.

Olhando para o Amazonas, temos a editoria fixa "Meio-Ambiente", do jornal Amazonas Em Tempo, publicada diariamente, e o suplemento "Ciência e Tecnologia", publicado semanalmente. A atitude do jornal em fazer com que a ciência seja um tema presente entre seus leitores é louvável, porém o deadline (jargão jornalístico que significa o horário do fechamento do jornal, seja ele impresso, TV ou rádio) acaba sendo um obstáculo para a produção de notícias que o "seu Joaquim" da taberna entenda (como os estudantes de jornalismo chamam o leitor comum); e, devido à pressão do fechamento (ou entrega do material), o jornalista acaba cedendo aos jargões científicos, principalmente para evitar problemas com o pesquisador. Por um lado é compreensível, pois simplificar é arriscado e deve ser feito com muita cautela; por outro, essa prática é condenável porque a missão do jornalista é esclarecer o leitor e não levar mais dúvidas.

Muitos no Amazonas acham que a ciência feita na região se limita à luta do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) para preservar o peixe-boi. O que ainda possibilita a permanência dessa visão é a cobertura fraca. São poucos os profissionais preparados para lidar com a ciência, cientistas e a linguagem científica. Embora o jornal Amazonas Em Tempo mereça elogios pela iniciativa de dedicar espaço à ciência, não podemos "varrer os defeitos para debaixo do tapete". Algumas matérias publicadas nessa editoria são prolixas; a presença de jargões é constante. Não adianta ter o espaço sem que a mídia não cumpra, com eficácia, o papel de socializar o conhecimento científico. A população não deve permanecer alheia ao mundo da ciência e tecnologia, tendo como referência apenas aqueles conhecimentos básicos aprendidos na escola.

Inusitado e sensacional

Noticiar pesquisas científicas é um trabalho árduo demais para ser feito num só dia ou em poucas horas. Exigem-se muitas ligações ao pesquisador para entender certas palavras e reescrevê-las de uma maneira que a maioria compreenda e, em alguns casos, a submissão do texto jornalístico para apreciação do cientista antes da publicação é essencial para se evitar erros. Alguns jornalistas não gostam disso, mas é uma maneira de conquistar a simpatia de alguns pesquisadores que ainda cultivam uma antipatia pelo jornalismo científico e sua linguagem simplificadora. Porém, o cientista não pode interferir na linguagem jornalística. PENA (2006) critica os cientistas por não fazerem questão de serem compreendidos e por preferirem o corporativismo ao coletivo, ressaltando que pesquisas interessam à sociedade, sim.

A proposta do Em Tempo, de alguma forma, incentivou os outros jornais. O Diário do Amazonas não tem uma editoria diária sobre o tema. Contudo, publica uma espécie de coluna semanal para tratar sobre o assunto. Ultimamente, o periódico tem publicado muitas notícias e reportagens baseadas em pesquisas, mas o jornal peca por dar ênfase demais a números e dados estatísticos. O tradicional jornal A Crítica, embora tenha ensaiado uma editoria semanal (até um suplemento) sobre ciência e a idéia nunca ter decolado, sempre dá espaço à ciência.

A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) edita uma revista bimestral chamada Amazonas faz Ciência. A publicação traz reportagens sobre o que tem acontecido na região em termos científicos numa linguagem clara. Tem uma grande aceitação no meio acadêmico e tem colhido frutos. Recentemente, o jornalista Valmir Lima venceu, na categoria Jornalismo Impresso, o 4° prêmio Nilton Lins de Jornalismo, com a reportagem "Mudanças Climáticas Globais", publicada na sétima edição. Podemos considerar, sim, uma luz no fim do túnel. Infelizmente, poucos tiveram a oportunidade de ler essa reportagem porque a tiragem da revista é de apenas 10 mil exemplares, distribuídos gratuitamente às bibliotecas públicas, centros de pesquisa e aos acadêmicos – a maioria da população fica de fora.

Os meios eletrônicos só dão espaço para a ciência quando algo é inusitado e sensacional. Na internet, o surgimento de blogs e espaço em sites conhecidos para a ciência se dá aos poucos.

A "fumaça divina"

Jornalistas e cientistas devem aprender a trabalhar em conjunto.Um deve respeitar o espaço do outro. É vergonhoso, mas é muito comum descobertas de cientistas do Inpa chegarem primeiro ao conhecimento de veículos de fora do Amazonas. O que facilmente é noticiado, pois a Amazônia chama a atenção dos grandes veículos, sejam eles nacionais ou internacionais. Infelizmente, enquanto a mídia interestadual atua, a local age como mero espectador e reprodutor de notícias de agências noticiosas.

A cobertura dos veículos de outros estados deixa a desejar. Apesar do "verde" chamar a atenção, as notícias negativas (como dados estatísticas sobre o desmatamento na região) são mais freqüentes. E essa lacuna deixada pelos veículos de fora não são preenchidas pelos locais. Falta, além de qualificação, ousadia e visão dos nossos jornalistas. Talvez, o que acontece com a nossa mídia seja aquilo que o publicitário Zeca Martins falou numa entrevista ao programa Saber Viver, da rádio Rio-Mar. Ele disse que as pessoas de fora acabam enxergando com mais amplitude os benefícios que a região pode trazer para os profissionais de comunicação. "É como jogo de futebol, quem está na arquibancada tem uma visão mais ampla que o jogador", comparou.

Os únicos que podem mudar esse cenário atual são os futuros jornalistas. Atualmente existem cinco cursos superiores de Jornalismo em Manaus (quatro em universidades particulares). Apesar da quantidade de formandos, são poucos os que se interessam, na academia, pelo jornalismo científico. É mais comum achar quem queira se especializar em cobrir editorias como esportes, cultura, política e até moda. O que falta são incentivos: órgãos científicos deveriam promover cursos, oficinas e palestras a fim de despertar o interesse desses estudantes. Ou seja, primeiro deve-se socializar os futuros jornalistas com a ciência para que eles, futuramente, ajudem a dissipar essa "fumaça divina" que insiste em cobrir o conhecimento científico em pleno século 21.

O filhote de gato

PENA (2006) defende que o preparo do jornalista para lidar com a linguagem científica começa na universidade, através dos veículos universitários – jornal, rádio, TV e internet. É lá que uma harmonia entre pesquisadores e comunicadores começa a ser trabalhada. Tanto um como o outro passa a saber como funciona a atividade de ambos. Jornalistas são preparados a reportar ciência ao grande público e cientistas são incentivados a simplificar a linguagem. Para falar num meio como a TV, por exemplo, o pouco espaço incentiva o pesquisador a passar suas idéias de forma simples e concisa, sendo que este exercício, praticado constantemente, pode até mudar a linguagem hermética da comunidade científica que passaria a escrever suas pesquisas com uma linguagem mais simples.

"(...) Jornais, sites e rádio têm importância vital nesse processo de simplificação da linguagem acadêmica. Mas talvez seja a televisão universitária o grande veículo para a concretização desse objetivo. Cientistas e professores seriam obrigados a uma autotradução, pois a estética do meio não permite a divagação hermética. De tanto traduzir a si próprios, quem sabe eles não simplificariam a própria linguagem e passariam a produzir textos mais acessíveis? É sabido que a linguagem oral influencia diretamente a escrita. Entretanto, a proposta não é colocar professoras em uma televisão universitária, mas também alunos e funcionários, produzindo programas culturais e, principalmente, interessantes para o grande público" (PENA, 2006, p.206-207).

Acredito que a mídia não tem apenas a missão de estreitar laços, mas também de cobrança. É assim em outras áreas, por que não pode ser na área científica? Verbas para pesquisas são poucas e a imprensa, além de cobrar mais investimentos de nossas autoridades, também deve cobrar prioridades dos cientistas. Mas para isso os profissionais da imprensa devem estar preparados. Não se critica com propriedade aquilo que não conhecemos. Acima de tudo, a imprensa amazonense deve impregnar-se da Amazônia. Apesar de não ter sido focado na mídia, a idéia do dr. Cristovam Diniz é válida: "(...) A interiorização das universidades na Amazônia, incluindo as novas tecnologias de informação, pode imprimir eficiência e eqüidade na formação imediata de todos os professores da escola básica, ajudando a superar os números vergonhosos hoje exibidos. Neste processo deve ser contemplada a apropriação sustentada, pelo cidadão médio, do conhecimento acerca do ecossistema amazônico. Para isso seria preciso desencapsular o conhecimento contido nas publicações científicas tornando-o acessível ao professor da escola básica. Interrompendo a dicotomia entre a geração de conhecimento e sua disseminação. Escolas (veículos de comunicação amazonenses também, grifo meu) amazônicas precisam impregnar-se de Amazônia" (L.C. Joels & G. Câmara, p.134).

Felizmente, ultimamente a ciência não ganha espaço apenas quando a notícia mexe com o imaginário popular – quando especialistas são consultados para esclarecer à sociedade sobre algo considerado "bizarro e incomum". O filhote de gato que nasceu apenas com um olho é um caso clássico da imprensa amazonense. Alguns veículos populares, em especial alguns programas sensacionalistas da TV, cooperaram para atiçar o senso comum da população disseminando que a criatura era um "ET" – chegaram a dizer até que era um filhote de mapinguari (ente pertencente ao universo mítico Tupi com forma de ciclope, um olho na testa e a boca localizada na barriga). No dia seguinte, os jornais impressos deram destaque de primeira página ao fato. A diferença é que, ao mesmo tempo em que dizia que a "criatura assustou os moradores", logo depois a fala de um especialista quebrava de uma vez por todas o mito dizendo que o "ET" era nada mais nada menos que um filhote de gato que nascera com uma deformação. Esse caso mostra com clareza um dos benefícios da democratização do conhecimento científico.

Referências:

DINIZ, Leila. Amazônia na mídia: muita estatística, pouca reflexão. Disponível em <http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=514JDB008> acesso em 7 de dezembro de 2008 às 20:50 PM.

JOELS, L. C. & CÂMARA, G. O workshop "Modelos e cenários para a Amazônia: o papel da ciência". Parcerias Estratégicas. Ed.12. Setembro 2001. 130-134 p.

MELO, Luiz Guilherme. Quem quer ser jornalista ambiental?. Disponível em <http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=501DAC005> acesso em 7 de dezembro de 2008 às 20:00 PM.

OLIVEIRA, Fabíola de. Jornalismo Científico. 2ed. São Paulo: Contexto, 2005. 89p.

PENA, Felipe. "Imprensa universitária e jornalismo científico". In: _________. Teoria do Jornalismo, São Paulo: Contexto, 2006. P. 205-211.

Publicado originalmente no Observatório da Imprensa

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Crise no Brasil

O presidente Lula chegou ontem a uma conclusão que alguns especialistas já haviam anunciado há algum tempo: o primeiro trimestre de 2009 será apertado para a economia brasileira. Reforçar o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e estimular a iniciativa privada a continuar investindo são uma das medidas do governo para que os efeitos da crise não cause um impacto maior na economia nacional.

Foto: André Dusek/AE

A droga vem à canoa

*Ellza Souza

Como os bandidos não encontram repressão, eles vão ousando cada vez mais. E já estão nos rios da Amazônia, nossos lindos e misteriosos rios servindo para transportar drogas. A polícia pegou muitos quilos de cocaína em uma simbólica canoa onde cinco pessoas das quais dois colombianos carregavam esse precioso material, sem pressa e sem susto, pelo rio Solimões em direção a pacatas cidades do interior amazonense. A essas alturas os ribeirinhos já estão sendo persuadidos pelo dinheiro fácil e sanguinário desse comércio ilegal e imoral que é o tráfico de drogas, de armas e sabe-se lá mais o que.

Em muitas comunidades das fronteiras os índios estão sendo minados e dizimados com cachaça e drogas e ninguém faz nada para melhorar a situação dessas indefesas pessoas. As autoridades sabem o problema, sabem a solução (leis duras e nada de piedade para traficante)mas passam a mão na cabeça dos criminosos o que vai deixando a sociedade cada vez mais à mercê deles. Quando a polícia se aproxima de uma canoinha com esse tipo de carga, na certa os bandidos jogam no rio a maior parte vindo a poluir as águas que Deus nos deu. Que raça de gente é essa que veio ao mundo para fazer mal à humanidade, ao custo de matar, roubar, disseminar a violência.

Muitos, como os ribeirinhos e os índios são movidos por total ignorância de pensamento e não conseguem alcançar a gravidade do mal que fazem a si próprios e a todos. Mas a maioria tem consciência do que está fazendo. Desde o traficante ao que consome um baseadosinho nas grandes cidades. Afinal, somos seres inteligentes ou só vamos parar quando o planeta azul for reduzido à fumaça das bombas, tiros e drogas. Embaixo das toneladas de cds piratas e armas, o homem pode ressurgir das cinzas. Se agir com ética e honestidade para com o próximo.

*Ellza Souza é jornalista formada pela Universidade Federal do Amazonas; Escritora e Roteirista;

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Nesta quarta, Hemoam inicia campanha de cadastro de candidatos a doadores voluntários de medula óssea

A Fundação Hemoam estará nesta quarta-feira (dia 14) realizando a 1ª edição da campanha mensal de Cadastro de Doadores Voluntários de Medula Óssea. A atividade acontece das 8 às 16h30, na sede do Hemoam, banco de sangue público do Amazonas, no Bloco C, na Avenida Constantino Nery, 4397, Chapada, ao lado do Vivaldão.

A gerente da Captação de Doadores, Cristina Muniz, afirma que até o momento o Hemoam conseguiu cadastrar 5.500 voluntários. "Foram 1.937 novos voluntários cadastrados até 30 de novembro do ano passado. Estamos conseguindo sensibilizar a população para a necessidade de ajudar quem só tem essa esperança de cura, o transplante de medula. Com a ajuda da população do Estado do Amazonas, pretendemos chegar a 10 mil cadastros em 2009", disse. A medula óssea é o tecido líquido encontrado no interior dos ossos longos, popularmente conhecido como "tutano". Na medula encontram-se as células-mãe que dão origem às células sanguíneas, a exemplo das hemácias, dos leucócitos e das plaquetas.

Em relação às pessoas que estão necessitando de um transplante, a gerente explica que o Hemoam está com 27 pacientes, entre adultos e crianças, cadastrados no Registro Nacional de Receptores de Medula Óssea (Rereme). "São pacientes que não encontraram doadores na família e precisam procurar no banco de doadores. Por isso, a necessidade de ter um cadastro com o maior número de pessoas possíveis da mesma região, visto a nossa miscigenação. As chances para este paciente são maiores", esclareceu Cristina Muniz. Em muitos casos, o transplante de medula óssea para os que estão na fila é a única esperança de sobrevivência.

Para ser doador basta ter entre 18 e 55 anos e estar com boa saúde. O registro inicia com o candidato participando de uma palestra explicativa, onde dúvidas sobre a doação são retiradas. Após palestra, o voluntário preenche uma ficha com informações pessoais concordando com a inclusão do seu nome no Registro Nacional. O cadastro é completado com a coleta de uma amostra de 5 ml de sangue para exames laboratoriais e de compatibilidade genética (HLA).

Para esclarecer


O que é a doação de medula óssea?

É a única esperança de cura para muitos portadores de leucemias e outras doenças do sangue. A medula óssea é um tecido líquido, que ocupa a cavidade dos ossos. Ela produz os componentes do sangue. O transplante é a única esperança de cura para muitas pessoas.


Quem pode doar?

Qualquer pessoa com mais de 18 anos e menos de 55 anos de idade, e com boa saúde.

Como é feito o registro no Redome?

É coletado uma pequena quantidade de sangue (cerca de 5 ml) para fazer exames de compatibilidade, quando a pessoa concorda em ser doadora. As características genéticas são colocadas no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (REDOME).

Como é e quando é feito o transplante?

Somente quando é verificada a compatibilidade entre a medula do receptor e do doador voluntário é que este é contatado para decidir sobre a doação e caso confirme são realizados outros exames para verificar o estado de saúde. A doação é simples e se faz em centro cirúrgico, sob anestesia, através de uma pequena punção na lateral do quadril para retirar o líquido da medula ou ainda pela retirada das células-mãe pela veia por meio de aférese. O doador fica em observação por apenas 24 horas, retornando depois às atividades normais. A medula é recomposta em no máximo 15 dias.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Zoológico humano em exposição

Luiz Guilherme Melo
Assim defino programas como o Big Brother Brasil, que exploram, até o bagaço, pessoas dispostas a subir na vida (através do "gordo" prêmio), ou simplesmente ter seus 15 minutos de fama. Em troca, do prêmio ou da fama repentina, aceitam viver em uma casa vigiada por câmeras espalhadas por todos os lados, tornando visível suas intimidades, loucuras e emoções para todo o Brasil.

Esse tipo de programa já deu o que tinha que dar. Não tem mais graça olhar esse zoológico humano. Mesmo assim a Rede Globo insiste e consegue convencer o público a acompanhar do começo ao fim mais uma cansativa edição do BBB.

Cansativa, mas parece que grande parte do público não cansa. Contudo, não se pode negar que isso é fruto do pesado marketing e do bombardeio de propagandas promovidas antes do início de cada edição, o que parece cauterizar a consciência crítica de muitos cidadãos.

A Rede Globo é poderosa. Talvez por isso esse tipo de programa faça sucesso apenas na emissora carioca. Veja se esse tipo de programa criou raízes no SBT, com Casa dos Artistas, ou na RedeTV, que tentou fazer um reality show só para aproveitar a onda de shows da realidade e fracassou na primeira edição (talvez por isso, nem lembre do nome, mas passava dentro do TV Fama).

Casa dos Artistas conseguiu, pelo menos, a proeza de promover três edições, mas não teve fôlego suficiente para suportar outra edição devido aos baixos índices de audiência.

As mesmas macaquices


Agora, vejamos o porquê da fórmula desse tipo de programa ser ultrapassada.

A única coisa que muda em cada edição do BBB é a casa, os móveis e o design, porque a localidade deve continuar a mesma. Essas mudanças na casa, de alguma forma, iludem o telespectador, que acaba se empolgando com o novo ambiente e não percebe que o formato continua o mesmo.

Tudo se repete. O líder da semana, a grande prova que define o líder, o voto no confessionário, o quarto especial para o líder, as visitas ilustres, os romances repentinos, a fofoca, a falsidade, o paredão, o Pedro Bial e outros adereços repetitivos. Nem os participantes, que deviam fazer a diferença nas edições, escapam da mesmice. São as mesmas figuras de sempre, como o pobre coitado, o namorador, o riquinho, o aspirante a ator, o esquisitão, o fofoqueiro, o amiguinho, o estrategista, o linguarudo e por aí vai.

Conclusão: nesse zoológico mudam-se os macacos, mas as macaquices continuam as mesmas.

Nota do autor: E lá vamos nós para a edição 9 do BBB. Desta vez temos uma conterrânea na casa "mais vigiada (e manjada, grifo meu) do Brasil". A audiência daqui a Globo já conseguiu fisgar. Agora, cá entre nós, tem coisas que não mudam mesmo.

Artigo publicado originalmente no Observatório da Imprensa no dia 30/01/2007

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

MPE/AM representa no CNJ contra afastamento da juíza Maria Eunice Torres

O Ministério Público Eleitoral no Amazonas (MPE/AM) entrou com uma representação junto ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ), com pedido de liminar, para suspender os efeitos da portaria do Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas (TRE/AM) que afastou a juíza Maria Eunice Torres Nascimento da condução das eleições municipais 2008. A representação foi encaminhada ao CNJ no dia 17 de dezembro, antes da diplomação do prefeito eleito Amazonino Mendes (PTB) e seu vice Carlos Souza (PP).

A juíza foi alvo de reclamações disciplinares com pedido de afastamento. A corregedora do Tribunal, em sessão no dia 15 de dezembro de 2008, garantiu à juíza prazo para defesa. Na mesma sessão, os membros do Pleno discutiram decisão da juíza em 1ª instância, em matéria que seria julgada, por meio de mandado de segurança, na sessão do dia seguinte.

Na sessão do dia 16 de dezembro do ano passado, a pedido do juiz Elci Simões, membro do Pleno, o TRE/AM decidiu cessar os efeitos da portaria que designava a juíza como presidente do pleito, mantendo apenas as funções de juíza da 58ª Zona Eleitoral.

O procurador regional eleitoral, Edmilson da Costa Barreiros Júnior, afirmou que houve prejulgamento por parte dos membros do TRE/AM. "É evidente que o 'afastamento' pedido pelos políticos prejudicados, a despeito do indeferimento e da concessão de prazo de quinze dias para defesa, foi manifestamente contornado, por ato de desvio de poder, pois houve prejulgamento de membros inconformados com a discordância da magistrada, a despeito de haver os procedimentos correicionais próprios para analisar sua conduta funcional, e do evidente prejuízo social com o afastamento de fato da magistrada que conduziu as eleições 2008 em Manaus", declarou o procurador. Em entrevista coletiva à imprensa na tarde desta quinta-feira, o procurador disse que a decisão de afastar a juíza foi tomada no calor das emoções. De acordo com ele, o afastamento não foi feito em processo disciplinar, mas a cessação dos efeitos da portaria que a designava presidente do pleito obteve o mesmo resultado prático, o que configura abuso de poder, na modalidade desvio.

Para o procurador, a independência da juíza foi afetada diretamente. "A decisão do Pleno do TRE/AM, sem a necessária serenidade, prejudica toda a sociedade porque seus candidatos, eleitos ou não, passarão a ser julgados por outro juiz eleitoral que, apesar do evidente brilhantismo, terá pouco tempo para inteirar-se de todos os feitos e com a celeridade dos prazos eleitorais para prestar sua jurisdição", afirmou Barreiros.

A representação pede que o CNJ determine a suspensão dos efeitos do afastamento da juíza Maria Eunice Torres Nascimento. O pedido está sob análise do Conselho, que aguarda manifestação do TRE/AM no prazo de 15 dias. A juíza Maria Eunice e o juiz Victor André Liuzzi Gomes, que foi designado para substituí-la, também podem se manifestar.

Fonte: Assessoria da PR/AM - JT

Lula, deputados e apresentador de telejornal tentando arrancar uns risinhos

O presidente Lula disse o que todos desconfiavam: não tem o hábito de ler jornais e revistas ou acompanhar notícias pela internet. A declaração, dada numa entrevista a revista "Piauí" deste mês, repercutiu. A imprensa brasileira se doeu e entre tantos comentários o mais frufru foi a perguntinha do âncora Carlos Nascimento do "SBT Brasil" após a exibição da matéria a respeito:"nem quando a notícia é favorável, presidente?", perguntou tentando ser engraçado.

O presidente pode não gostar, mas os deputados sim. Por isso, cada deputado tem direito a cinco assinaturas de jornais e revistas de sua preferência. E ele ainda pode escolher se quer receber em casa ou em seu gabinete. Chique. Ao todo, o custo em manter os distintos informados custará 2 milhões de reais aos cofres públicos. O repórter do SBT disse que entre os veículos preferidos dos deputados está o jornal esportivo Lance! (aquele que aqui em Manaus vem junto com o Diário do Amazonas e em outros Estados é vendido separadamente). Carlos Nascimento disse: "o que é que tem? Os deputados também têm o direito de saber quem fez gol". O repórter, que não esperava tal comentário no meio de sua fala, ficou sem saber o que falar.


Ps: enquanto os deputados podem escolher receberem uma Folha de S.Paulo ou um Jornal do Brasil (embora não sejam perfeitos), ou, simplesmente, os dois, aqui em Manaus o operário que quiser ler jornal compra o mais barato ou recebe de graça numa esquina. Entretanto, o barato sai caro, e o caro é se manter informado por meio de um certo embrulha-peixe que atende pelo nome de Amazonas Em Tempo de chutar cachorro morto, de puxar o saco etc. Nesse ponto eu concordo com o presidente Lula. Ler certos jornais às vezes "dá azia".

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Cici no Largo

A Associação Amazônia Arte-Mythos apresenta no dia 18, às 18h, o espetáculo “Cici e as Formigas” no Centro Cultural Largo São Sebastião.

O espetáculo infantil, Menção Honrosa no 4° Festival de Teatro e vencedor do Prêmio Cultural 2008 dos Correios, conta a história de três formiguinhas que tentam salvar a Amazônia da destruição.

"Cici e as Formigas" é uma peça que mostra de maneira simples e divertida o aquecimento global e sua repercussão no Amazonas. O texto, as músicas e a direção são de Narda Teles e Paulo Queiroz.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Gotas

*Especialistas dão conselhos para o consumidor nesse começo de 2009: devido a crise econômica mundial evite viagens internacionais, compra de casa e carro novo e, é claro, evite a todo custo as dívidas.

*Para quem não sabe, desde o dia 1° de janeiro quem escrever "lingüiça" comete um erro ortográfico. A nova Ortografia que unifica a escrita dos países falantes da Língua Portuguesa entrou em vigor nesse dia. O que não faltam são reportagens, notícias, artigos e manuais explicando tim-tim por tim-tim as mudanças. A eliminação do trema (exceto para nomes estrangeiros como Müler, por exemplo) é só uma delas.

*Muito se falou a respeito das mudanças ortográficas. Há bons argumentos contra e favor da reforma. Mas agora não adianta. Do professor ao aluno, todo mundo vai ter que se acostumar e aprender as novas regras.

*Antes mesmo do laudo do Ministério Público Federal (MPF-AM) a Universidade Federal do Amazonas decidiu cancelar a prova de Conhecimentos Gerais 2, distribuida no dia errado para um grupo de alunos. A nova prova será aplicada neste domingo, dia 11, às 08:00h. Os locais da prova não mudarão e o presidente da Comissão Permanente de Concursos (Comvest), Adelino Ribeiro, afirmou que a fiscalização será reforçada.

*A Ufam cancelou a prova batendo o pé. O presidente da Comvest chamou a investigação do MPF de "lengalenga".

*O bom desse rolo todo é que a Ufam inaugurou uma nova maneira de enviar questão de prova: via e-mail. A juíza Maria Pinto Fraxe disse que nunca teve notícia, ao menos no Brasil, desse tipo de coisa.

"Socuerro! Linguiça não tem mais trema!
Campanha contra a reforma ortográfica: eu quero botar os pingos nos us!RÁRÁRÁ!"

(José Simão, título e subtítulo da sua coluna publicada hoje no caderno Bem-Viver do Jornal A Crítica, BV7)

sábado, 3 de janeiro de 2009

Redução de juros já!

Cliferthon Lucas

Desde que assumiu a presidência da República em meados de 2003, o presidente Lula (PT) sempre atacou com veemência os chamados “especuladores do mercado”. Que na verdade são sanguessugas que ganham a vida criando o pânico no setor financeiro.

O Comitê de Política Monetária (Copom), órgão técnico que sempre teve a árdua incumbência de puxar o freio de mão todas as vezes que a ala politiqueira dos governos tentou levar para a economia a “dinâmica impressionista” da política. Por razoes técnicas, os economistas nunca embarcaram na onda da redução eleitoreira dos juros para fazer boa pinta junto à classe média.

Em muitos casos, ministros, líderes do governo no Senado e na Câmara resmungaram, mas, os técnicos econômicos do Copom só baixaram os juros quando era seguro. Mesmo mantendo certa postura conservadora, as decisões técnicas sempre foram mantidas em detrimento das políticas. E é salutar que seja assim.

Voltando ao caso dos especuladores, são pessoas que ganham a vida disseminando mentiras, medos e climas de incerteza quanto à capacidade de absorção de investimentos de determinado país. E não é diferente nesta crise. Porém, o Brasil, que sempre acatou as decisões soberanas do Copom pede a este que não ande na contramão do mundo.

Além de espaço, é a hora exata de agir, e reduzir os juros na próxima reunião da entidade. Precisamos demonstrar ao mundo que nossa economia é forte e vamos aguentar firmes as turbulências dos mercados. Nosso setor bancário é solido, nossas empresas estão produzindo e o mercado interno, o grande consumidor de nossa produção, vai ajudar a diminuir os impactos da crise.

É importante não dar espaço para atuação dos especuladores. E ai cabe também uma crítica a mídia de forma geral. Sei que vender o mal é mais rentável do que coisas boas, mas, o que vemos é uma onda de negativismo e descrença em nosso país, que mais tarde vai ser um tiro nos pés.

O medo de inflação cedeu lugar ao da deflação. O nível de atividade econômica teve uma queda acentuada na maioria dos países e por conta disso, China já reduziu cinco vezes seguidas os juros. O Tio Sam, que é o responsável pela sua irresponsabilidade direta na crise, já colocou a zero os seus juros. Alem desses, Colômbia, Japão, África do Sul, Coréia, Taiwan, Suíça, Inglaterra, Canadá, Nova Zelândia, Austrália, Índia, República Tcheca, Suécia, Turquia, Tailândia, Vietnã e todos os países que funcionam a peso do Euro. Não faz, mas sentido manter os atuais 13,75%.

Países que subiram os juros o estão fazendo por medo da fuga de capitais como a Rússia, ou por estarem pedindo socorro do FMI como a Bulgária. Ou por quebrarem mesmo como a Islândia.

Anteriormente, os juros subiram porque havia aquecimento no setor produtivo e no de consumo. As commodities alcançavam preços exorbitantes (como o preço do petróleo) e os alimentos davam margem à inflação. 

Agora, a marola virou uma onda gigantesca e as ações do BC e do Copom principalmente, terão que ser diferentes. A demanda caiu e em conseqüência a previsão de crescimento também.  O próprio BC estima que o PIB recue ano que vem 0,7%. Apesar disso, o governo Lula prevê um crescimento de 4%, a FIESP algo em torno de 3,2% e a ONU num péssimo cenário, afirma que o Brasil cresça somente 0,5%.  

O Banco Central vem injetando dinheiro no mercado a fim de diminuir o impacto e fugas de capital. Abriu linhas de créditos especiais para grandes empresas e está atento as andanças do mercado mundial.

A redução de juros é primordial para impedir uma queda maior do crescimento econômico. A inflação está controlada na casa dos 6% e proporcionará que a redução de juros seja eficiente. 

Medidas importantes já estão sendo tomadas. O governo anunciou um aumento no valor dos imóveis que poderão ser financiados com recursos do FGTS. Isso deve ampliar as facilidades para famílias com renda de até R$ 1.140.00 possam adquirir sua casa própria. A proposta é importante porque o setor da construção civil absorve grande mão de obra e utiliza poucos produtos derivados da importação.