quinta-feira, 7 de agosto de 2008

O Preconceito com a China comunista

POR CLIFERTHON LUCAS

Nestes últimos dias que antecedem as olimpíadas chinesas muito se tem comentado sobre o regime político daquele país. Comentaristas do mundo todo, principalmente jornalistas, aqui e ali se arriscam em opiniões cheias de preconceitos e que no fundo demonstram total falta de informações sobre o passado recente que levou a atual conjuntura política chinesa.

Cometem o pior erro que um profissional de comunicação pode cometer que é a omissão dos fatos decisivos para a perfeita compreensão da construção da espectroscopia política chinesa. Esses profissionais fazem a discrepância de igualar o regime chinês (que pode não ser o melhor, mas que tem dado resultados concretos) aos regimes monárquico-islâmicos da Ásia central.

Com cerca de 400 milhões de habitantes, a China do final do século XIX era um país submetido aos interesses das principais potencias imperialistas. Essa sujeição era tão intensa que, nas praças públicas das cidades chinesas, os ocidentais davam-se o direito de fincar cartazes onde se lia: ”É proibida a entrada de cães e de chineses no jardim”. Em alguns filmes de Bruce Lee podemos ver tal cena.

Para exercer sua dominação, as nações imperialistas contavam com o apoio de uma propaganda massiva e a conivência dos imperadores chineses da dinastia Manchu, que dominavam o país desde o século XVII. Esse contexto marcado por privilégios e humilhações levou inúmeros chineses a organizarem atos de rebeldia. Em 1900, por exemplo, os Boxers, membros de uma sociedade secreta que praticava o boxe sagrado, iniciaram uma revolta nacional contra os estrangeiros, mas acabaram massacrados pelos exércitos das potências ocidentais que haviam se unido contra eles.

As camadas populares foram se engajando na luta pela libertação e finalmente em 1911 conseguiram derrubar o antigo Império Chinês. Sun Yat-sem, líder da revolta foi nomeado presidente da Republica. Ele com seus seguidores fundaram o Partido Nacional do Povo. Porém, a recém criada Republica não conseguiu “desinteriorar” a China. Os chamados “Senhores da Guerra”, chefes militares locais que possuíam enormes exércitos e poder nas províncias. Esses homens controlavam 88% das áreas produtivas.

Em 1921, com o objetivo de organizar os operários, artesãos e os 30 milhões de colliens (o táxi humano comum em filmes), foi fundado sob inspiração marxista o Partido Comunista Chinês (PCC). Seu membro mais ilustre é o famoso Mao Tse tung.

Chinag Kai-shec assim que assumiu o comando das tropas do Partido Nacional do Povo empreendeu uma campanha militar contra os senhores da guerra e contra os comunistas. Um dos episódios mais marcantes deste conflito foi a Longa Marcha. Uma caminhada de 10 mil quilômetros que Mao realizou com mais de 100 mil pessoas em direção ao noroeste do país.

O conflito entre os dois partidos ficou mais acirrado com o termino da Segunda Guerra, os EUA deram apoio bélico aos nacionalistas e estes começaram uma forte ofensiva contra os “vermelhos”.

Mesmo sem a ajuda da União Soviética os comunistas liderados por Mao conseguiram vencer os nacionalistas e Ching Kai-shec retirou seu exercito para o sul, na Ilha de Formosa, (Taiwan).

A China cresce a olho nu. Mantém sua inflação controlada há décadas em 4%, praticamente zerou sua divida externa. Todos têm direito a um teto e a maioria dos chineses possui uma qualidade de vida razoável. Apesar de ter uma população de 1,3 bilhão de pessoas, a China consegue atrair investimentos e gerar emprego e renda para a maioria dos chineses.

Para se ter uma idéia, de toda produção mundial de cimento, a China consome a metade. Democrática a China não é. Porém, se a policia não porta armas, o Governo Wen Jabao não pode ser tão impopular assim.
Na educação a China dá de dez em muitos países do chamado primeiro mundo. As escolas são excelentes e o rendimento em Ciências e Matemática atinge níveis europeus. Educação na China não é luxo dos ricos, mas investimento nos pobres. E mesmo com uma população desse tamanho, o sistema de saúde é razoável.

O que faz a China despontar como quarta maior potência do mundo é dois fatores: o boom de investimentos e o modo de sociedade lá existente. Podemos confirmar esse lado social na preparação das olimpíadas. O sentimento patriótico que move o chinês é inigualável. Todos querem que tudo saia certo. Sem erros. Essa ação cooperativa melhora a vida de todos. Dizem que o varredor de ruas não precisa ter ninguém lhe vigiando pra fazer seu papel. Ele sabe seu dever.

A solidariedade social faz com que a China dê passos largos em direção ao desenvolvimento humano e conseqüentemente econômico. Faltam terras para a agricultura e não existe previdência para todos. A China não é o paraíso na terra, mas um lugar extraordinário e exemplo de como é possível fazer tanto com tão pouco. Que inveja!

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