imagem: criancinhas-nes
Luiz Guilherme Melo
“A infância é a melhor fase da vida, e passa tão rápido”. A autora dessa frase foi minha vó quando assistia, da janela, eu brincar no jardim.Nunca mais esqueci aquela frase. Cresci com ela flutuando nos meus pensamentos. Hoje estou aqui para confirmar a veracidade do que ela disse.
Nostalgia não é privilégio de anciões. Nós, jovens, também temos. E por que não? Lembro como se fosse hoje das brincadeiras no colégio, na rua, do futebol de travinha e do horário certo para sair e entrar em casa. Sair a noite nem pensar. Era quase utópico. Só quando tinha festa ou alguma coisa muito especial. E brincar na rua durante a noite era mais legal. Não sei por quê. Devia ser porque não era comum.
Ser criança é viver sem precocupação e ter horário certo para tudo. Inclusive para assistir televisão. Principalmente quando se tratava dos clássicos da TV Cultura. Que saudades! Tomar banho no final da tarde e logo depois merendar na frente da TV assistindo Glub-Glub, O Mundo de Beckman, Castelo Rá-Tim-Bum, As Aventuras de Tin-Tin etc. E quando não tinha aula assistia, de manhã, as reprises. Só de lembrar dos meus programas favoritos na infância começo a interligar com fatos da minha vida, ora inesquecíveis, ora esquecíveis, ora engraçados, ora tristes, enfim, como a TV e seus produtos conseguem ser um ponto de referência na vida da gente.
E não só de TV vivia uma criança dos anos 1990. De videogame também. E para brincar neles a garotada tinha que pagar. A gente vivia alugando meia hora ou uma hora em estabelecimentos improvisados em residências. Era uma festa. Bastava cair cinquenta centavos na nossa mão que ele era imediamente trocado por meia hora, preciosa, de diversão. Game era artigo de luxo; Nintendo 64 e Playstation eram quase sagrados. A molecada os revereciavam e lenvantavam as mãos aos céus quando conseguiam manusear os controles desses videogames. Mas eu era mais ligado no Super Nintendo 32 bits, e assim como a maioria dos meus colegas, era viciado em Mortal Kombat, I, II, III e Ultimate. Explorava todos os tipos de golpes e tentava descobrir os fatalities, babalities, animalities e brutalities (por falta de paciência nunca consegui fazer um) dos personagens. Eu gostava muito do Bomberman e dava meu jeito de jogar porque só tinha a versão japonesa. Mário World eu zerei de todos os jeitos, até de cabeça para baixo. Mário Kart, Mário All-Stars, Campeonato Brasileiro 96, 97 e 98, futebol internacional e ainda zerei Mário World 2: Yoshi’s Island, mais conhecido entre nós como “Mário bebê”; é claro, não podia faltar o Street Fighter - eu zerei com o Dhalsim (personagem conhecido como macumbeiro) só apelando naquela rasteira que ele dava. Enfim, gastava horas a fio com o controle na mão.
Antes da crise econômica, cinco reais era fortuna. E com cinquenta centavos dava para comprar uma coca-cola de 250ml. Com 1 real, então, nem se fala. Dava para comprar o kit-besteira: coca-cola, bolacha recheada, militos e dois chicletes. Minhas vermes eram mais felizes nos anos 1990.
Não podia esquecer do colégio. Da merenda escolar estranha: ovo cozido com gema esverdeada, mingau de arroz, o grudento conserva com macarrão etc. Como eu ficava feliz quando era dia de pagamento de professores ou planejamento escolar; significava folga. Sair cedo era a maior alegria. “A professora fulana de tal faltou, portanto, vou liberá-los”, dizia a supervisora. Todo mundo comemorava como se fosse um gol em final de campeonato. “Silêncio crianças, senão eu não vou liberá-los”. Era o suficiente para que a gente se calasse.
São tantas recordações. Mas de uma coisa eu sei: a infância não pode ser resumida em linhas, palavras e parágrafos. Isso aqui é só uma poeira no universo infantil, tão vasto e tão rico. Naturalmente cresci, porém, faço questão de preservar um pouco do ser criança dentro de mim. Hoje estou mergulhando de cabeça no mundo adulto. Conquistei a tão almejada liberdade ao mesmo tempo que perdi, parcialmente, o prazer da infância. O que restou faço questão de guardar num lugar muito especial chamado lembrança.
Feliz dia das crianças a todos!
3 comentários:
Lembro de acordar todas as manhãs na minha ex-casa do Núcleo 15 da Cidade Nova e ir, aida de pijamas (eu usava isso), direto para o sofá da sala, ainda sonolento, e ouvir o rádio-relógio do meu pai, escutando o velho “Bom dia, bom dia, bom dia... alegria, alegria, alegria”. E meu pai lá, ouvindo o rádio e lendo o jornal – naquela época, totalmente preto-e-branco – enquanto comia o pão que vinha enrolado num papel cor-de-rosa.
Aaaaaaaaaaahhhh Luiz esse texto me fez lembrar de tanta coisa da minha infância...Lembro de não sair de casa para ir ao colégio antes de assitir ao desenho Glump, aquele feiticeiro rabujento, que usava um gorro vermelho e vivia pertubando o sossego da princesa em um mundo super psicodélico, adorava, assim como amava andar de patins na rua, brincar de barra-bandeira, manja pega e macaca...Correr para "taberna" e compra balar de acerola e bolacha parmalate (antigamente era uma delíca, hoje em dia nem tanto)...Boas e velhas lembranças do Fantástico Mundo de Bob e tantos outros desenhos.
Acho que as crianças dos anos 90 eram mais felizes...
É VELHOS TEMPOS...
acordava toda manhã para assitir a manchete assistia jaspion,jiban,jiraia,black kamen rider.fleshman,maskman,chengeman muito boa essa época hoje fica só na memoria,mas de vez em quando bate uma saudade e vejo esses desenhos todos novamente.é como meu avó dizia
"o que é bom dura pouco e não volta mais".
Postar um comentário