quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Serafim não está morto

Clifferthon Lucas

O resultado das urnas foi soberano. Amazonino venceu o pleito do último domingo por uma diferença de 123.615 votos. O que representa mais de 15% dos votos apurados. O candidato petebista recebeu no primeiro turno, 402.717 votos ou 46,21%. Seu opositor, o candidato Serafim Corrêa (PSB), recebeu 200.423 votos, atingindo 23%.

Na virada para o segundo turno Serafim teve crescimento de 19%. Ou seja, 171.422 pessoas aderiram sua candidatura. Já Amazonino conseguiu adesão de 92.743 eleitores. Um crescimento de 11%. O índice de abstenções manteve-se na casa dos 18%. Foram mais de 160 mil eleitores que não compareceram em suas sessões eleitorais e ficaram de fora da escolha do administrador de nossa cidade.

Em entrevista concedida a rádio Amazonas FM (Manaus, 101,5 Mhz), nesta terça-feira (28), o prefeito Serafim Corrêa deixou subentendido que os seus mais de 370 mil votos o habilitam a disputar o cargo de governador em 2010. Para muitos, isso pode parecer algo impossível ou até mesmo utópico. Mas analisando o resultado das eleições desde 1994, podemos constatar que Serafim tem sim, todas as condições políticas e eleitorais de despachar no Palácio da Compensa a partir de janeiro de 2011.

Peguei alguns políticos como exemplo, que outrora não eram tidos por analistas da ciência política como “viáveis” para um cargo público, mas, que devido ao dinamismo da política, galgaram degraus.

O primeiro a ser analisado é Alfredo Nascimento. Quando candidato em 1996 à Prefeitura de Manaus, obteve 160.163 votos no primeiro turno. O que equivale a 34,19%. Alfredo venceu Serafim no segundo turno por uma diferença de pouco mais 2.558 votos. Foram 0,55% a mais para Alfredo.
Quatro anos depois, em 2000, Alfredo novamente venceu por uma diferença apertada. Seu rival foi Eduardo Braga. Alfredo alcançou no primeiro turno, 287.754 votos. Cerca de 47%. Já no segundo, teve 319.987 de votação. Ou, 50,78% da preferência. Eduardo ficou em segundo com 310.119 votos. Sendo 49,22% da apuração. Alfredo venceu por uma margem de apenas 1,56%.

O seu segundo mandato acabava em 2004. Nove meses antes o então prefeito Alfredo Nascimento renunciou ao cargo e a convite do presidente Lula assumiu o cargo de ministro dos Transportes. No pleito de 2004, no primeiro turno Alfredo apoiou a candidatura da deputada federal Vanessa Graziontin (PCdoB) à Prefeitura de Manaus. Vanessa ficou em terceira colocação com apenas 13,75%. Correspondendo a 103.333 votos válidos. No segundo turno, nenhum dos dois candidatos queria a participação de Alfredo em sua campanha e muito menos colocá-lo no programa eleitoral de rádio ou televisão. Como diz na gíria popular; “Alfredo estava queimado”.

Ninguém apostava que ele poderia conseguir o cargo de senador dois anos depois. Mas Alfredo venceu a disputa em 2006. Ficou em primeiro lugar e ainda entrou para história como o político mais votado do Amazonas em todas as eleições para o Senado. Ele conseguiu 629.606 votos. Em Manaus, atingiu mais de 306 mil votos. Atingiu 35% do eleitorado da capital. Para se ter uma idéia, o governador eleito conseguiu 45% em Manaus, naquela eleição.

Outro exemplo que podemos destacar é Eduardo Braga. Depois de perder duas vezes, ele obteve sucesso em 2002, quando concorreu ao governo estadual. Em 1998, perdeu para Amazonino por 28.159 votos. Porém, Eduardo saiu vitorioso em Manaus. Atingiu 51,70% do eleitorado. O que representa 390.214 pessoas. No pleito de 2000, Braga foi derrotado por uma diferença de 9.868 votos. Como mencionado acima, cerca de 1,58%.

Em 2002, quando disputou o governo estadual, Braga precisou somente ampliar seu eleitorado no interior. E com o apoio de Amazonino, que colocou a máquina a seu favor, Eduardo ainda se deu ao luxo de mesmo recebendo uma votação menor na capital, ser eleito governador. Ele recebeu em Manaus, 286.479 votos. Foram 103.735 eleitores a menos em relação há dois anos antes.

Já em 2004, Amazonino que tinha sido vencido em 1998 em Manaus, concorreu á prefeitura novamente. Os 245.351 votos obtidos seis anos antes, o colocavam novamente na disputa. O candidato recebeu no primeiro turno, 326.709 votos. O que representa 43,49%. No segundo turno, contra Serafim, Amazonino obteve 361.580 votos. Ou, 48,31%.

Dois anos depois, Amazonino mesmo perdendo a prefeitura, se candidata nas eleições estaduais. Os 360 mil eleitores o credenciam para o cargo de governador. Recebe 40%. Eduardo Braga que concorria à reeleição fica com 50%. Em Manaus, Amazonino fica com 347.272 votos. O que representa 42,37%. Como podemos constatar, ele diminuiu seu eleitorado também.

Nesta eleição, Serafim Corrêa obteve no segundo turno, 371.845 votos. O que o coloca também na disputa em 2010. Agora, o que é bastante importante são as alianças políticas e as uniões que serão feitas para daqui a dois anos. Vivemos no momento, com três grupos. Um liderado por Amazonino, outro comandado pelo governador Eduardo Braga e um terceiro consolidado por Arthur Virgílio e serafim Corrêa. Resta saber como se portará o PCdoB de Vanessa e o PT durante esses anos que antecedem 2010.

3 comentários:

Anônimo disse...

PRA MIM O SERAFIM SE QUEIMOU MUITO..ELE NÃO GANHA NEM PRA SÍNDICO MAIS..AGORA É NEGÃO..

Anônimo disse...

São situações diferentes. O Amazonino e o Eduardo Braga não estavam tão apagados como está o Serafim. HOje, o ainda prefeito não pode se aventurar ao cargo de governador.São coisas diferentes.

Anônimo disse...

Acho que cada eleição é uma eleição. Quem está freco hoje pode está forte em dois anos. Tudo depende de como as coisas vão acontecendo.