Antes a tarefa de educar os filhos era uma obrigação feminina, hoje deve ser uma preocupação do casal.
Por Tabajara Moreno
A mudança do papel social desempenhado por homens e mulheres tem acentuado o conflito da educação familiar. Se antes, cabia à mulher o papel de retransmitir os valores e os costumes considerados saudáveis pela família, agora, com o ingresso da mulher no mercado de trabalho, a educação dos filhos tem sido exercida por gente alheia ao núcleo familiar o que ocasiona um conflito de autoridade nas crianças.
Esse foi o apontamento feito pela Pedagoga Magaloni Maria de Almeida no artigo Disciplina e Amor – Conflito de pais e educadores publicado na 9ª edição da Revista Científica do Centro Universitário do Norte – Uninorte.
A nova realidade da educação familiar advinda da mudança nas funções desempenhadas por homens e mulheres na sociedade e na família pode acarretar uma educação familiar defasada cujas conseqüências serão sentidas por toda a sociedade caso os pais não assumam com rigor e carinho a obrigação de conduzir a formação moral das crianças.
O Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope) realizou uma pesquisa onde traçou o perfil das mães contemporâneas revelando que um terço delas não vivem com companheiros e não são casadas; 56% das mulheres dedicam-se a atividades profissionais e, desse total, 43% são chefes de família.
A assessora parlamentar Giese Braun, 29, se enquadra no perfil da pesquisa Ibope. Mãe de Lucas, 12, e Luanne, 10, ela concilia a educação dos filhos com a jornada de seis horas diárias de trabalho na Câmara Municipal de Manaus (CMM).
A rotina de Giese é cansativa, mas ela considera imprescindível para conseguir dar aos filhos o mínimo de conforto. Ela confessou estar acostumada a acordar cedo e se preparar para a viagem de ônibus que a leva de casa, no bairro Nova Cidade, até o trabalho, no Santo Antônio. “Acordo quatro e meia da madrugada, faço o café da manhã e ao mesmo tempo o almoço, quando saio de casa deixo tudo pronto e organizado”, contou.
Questionada pela reportagem sobre os motivos que a impedem de contratar uma pessoa para cuidar dos filhos, ela é enfática. “Não quero ninguém. Hoje em dia o mundo está muito violento, eu prefiro eles sozinhos. Deus os abençoa”, considera.
Além do medo da violência, Giese conta que sua grande preocupação é com a formação moral dos filhos. “Educação é primordial e vem de berço, não adianta querer educar depois de certa idade, tem que impor limites e horários. São meus filhos e não passo a mão de jeito nenhum, mais graças a Jesus não tenho o que falar deles, me obedecem e me ajudam muito”, orgulha-se.
O conflito da educação contemporânea, segundo Magaloni, reside justamente na permissividade de alguns pais na educação dos filhos. “A permissividade em excesso, em nome de uma psicologia mal interpretada, fazia com que os pais em nome do amor e do medo de perder os filhos, autorizassem determinados comportamentos ou exagerassem na oferta de presentes ou gastos”, argumenta Magaloni.
Magaloni acrescenta que a família precisa retomar o seu papel de formador de caráter, independentemente da maneira como esteja constituída, e a escola assumir a responsabilidade de instruir e ajudar a formar uma consciência crítica apropriada às exigências da sociedade.
domingo, 13 de abril de 2008
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