"Quero te propor um desafio". Já ouviu isso? Sinceramente, não sou fã de desafios lógicos. Você, numa fração de minutos sente-se burro. É uma sensação incomoda. “O que é um índio em cima da árvore?”, desafia o amigo. Você pensa nas mais bem elaboradas teses e teorias. Põe o cérebro para funcionar a todo vapor. Lança uma resposta sustentada por argumentos científicos. Seu amigo sorri um sorriso debochado e dá a resposta: “É um índio a menos na terra”. Resta-nos ficarmos com cara de papel ofício. Assim, sem jeito mesmo. E geralmente, esses desafios lógicos vêm acompanhados de outros dois. Amarrados. Contando uma historinha feita de perguntinhas inusitadas e respostas que deixam o receptor chateado com o emissor.
O bom disso tudo é que elas ficam óbvias com o passar do tempo. Como o nove vezes nove. Por ser uma das últimas da tabuada foi repetida a exaustão. Ser indagado com um nove vezes nove na lata era capaz de deixar o individuo com a saia justa. De tanto ser perguntada, banalizou-se, ou seja, tornou-se a pergunta mais fácil da tabuada, superando, assim, a lendária pergunta básica do um mais um.
Certo dia, recebi um telefonema. Do outro lado da linha, uma voz debochada propôs-me um desafio, e eu, já macaco velho nos desafios de respostas óbvias, devolvi o deboche respondendo friamente: “manda”. O outro preferiu ignorar e disse: “o que é um índio em cima de uma árvore?”. Breve e sepulcral silêncio. Bufei e respondi: “é um índio protestando contra a Funasa.” Ficou calado, até arranjar uma desculpa qualquer e desligar o telefone. Joguei um balde de água fria na sua vontade de rir da ingenuidade alheia. Aliás, apenas atualizei um velho desafio.
Luiz Guilherme (Abril/2008)
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