sexta-feira, 13 de junho de 2008

Jogo Rápido

Por Luiz Guilherme

A Filosofia surgiu na Grécia no século XI a.C. Questionamentos e reflexões são seus principais instrumentos. Não é por acaso que durante a ditadura militar o ensino da filosofia foi banido das escolas, e só voltou a ser ministrada nos anos 90. Em 2006 tornou-se obrigatório a sua inclusão na grade curricular do Ensino Médio brasileiro. Mesmo assim, ainda há muita resistência por parte dos jovens, que acham a filosofia uma matéria chata e boba. Para falar sobre esse assunto o Jornal Tréplica conversou com a professora e atriz Narda Teles, que escreverá para o blog textos filosóficos sobre vários assuntos na sua coluna “Papo F!losóf!co”.

Narda Teles formou-se em Filosofia pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam). Lecionou em colégios particulares de Manaus e durante três anos deu aulas no Japão para filhos de imigrantes brasileiros. É um dos grandes nomes do teatro amazonense.

Jornal Tréplica - Narda, para deixar claro aos nossos leitores, sobre o que trata a Filosofia? Qual a sua relevância nos dias de hoje?
Narda Teles – A Filosofia trata de conhecimento profundo sobre qualquer assunto em qualquer aspecto. É na verdade uma tomada de consciência do homem. Muitas vezes a gente diz que nós, homo sapiens, refletimos sobre o que pensamos. E é justamente isso. Filosofia é refletir sobre o pensamento e as atitudes humanas. Infelizmente, ela não é valorizada nos dias de hoje.

JT - Qual a sua opinião sobre o ensino da Filosofia nas escolas brasileiras?
Narda Teles – As escolas brasileiras não dão o mínimo valor à disciplina de filosofia. Ela é colocada de lado, justamente, porque ela leva os indivíduos a pensarem, refletirem e a tornarem-se pessoas críticas, que tomarão atitudes conscientes e influenciarão o mundo. As mudanças, muitas vezes, não são de interesse de um sistema político. O Brasil nunca teve esse interesse e até hoje não mostra, ainda, tê-lo.

JT- A Filosofia é vista pela maioria dos jovens como uma matéria sem importância e que não reprova. Na sua opinião, como fazer com que a disciplina seja atraente para os jovens?
Narda Teles – A gente percebe que, na educação brasileira, existe uma cobrança constante que tudo que o professor faça tem que ser atraente. Então, nós temos a sensação de que os adolescentes, na verdade, não têm o interesse em focar num estudo sistemático. Eu acredito que a Filosofia é atraente a partir do momento que ela começa a desenvolver esse senso crítico em que as pessoas param de ver as coisas de forma superficial e começam a questionar o mundo em que vivem e as suas próprias atitudes. Isso vai levando-as à mudança e, automaticamente, isso se torna atraente. Eu acredito que qualquer disciplina se torna interessante quando o professor tem o domínio profundo sobre ela; quando ele é apaixonado pela matéria.

JT – Quando começou seu interesse por Filosofia?
Narda Teles – O meu interesse por Filosofia teve início no ensino médio. Quando eu comecei a pensar com clareza e profundidade, através dessas aulas, eu disse: “é filosofia o que eu quero fazer”.

JT- Você deu aulas no Japão durante três anos. Qual a diferença do ensino filosófico nas escolas brasileiras e japonesas?
Narda Teles – É enorme. Porque lá existe uma valorização pelo conhecimento, o que não existe aqui. O que tem valor no Brasil é o ensino técnico. Até as universidades estão especializadas. Todo mundo é especialista em alguma coisa. Isso vai restringindo o conhecimento do indivíduo, que foca só num determinado assunto, e deixa de pensar o mundo de uma forma mais global, digamos assim. E os problemas humanos vão ficando de lado. O Japão pensa diferente porque ele pensa a técnica e o humano. E é essa valorização de disciplinas como a filosofia que faz com que aquele povo tenha se desenvolvido tanto, e sejam totalmente elevados, intelectualmente, na educação e na tecnologia.

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