terça-feira, 1 de julho de 2008

Qual o preço da dignidade?

POR DANIEL JORDANO

Em 2006 um grupo de empresários foi à passeio ao município de Presidente Figueiredo, interior do Amazonas, e acabou se perdendo na floresta após se distanciarem da trilha prevista. Na ocasião, todo um contingente de homens do corpo de bombeiros, policiais e de pessoas comuns foi mobilizado para as buscas. O fato foi manchete nos principais veículos de comunicação do país daquela forma: "aventureiros perdidos na floresta amazônica".

Após o susto, as autoridades conseguiram localizar os "aventureiros" e aí ficou tudo bem, inclusive com aplausos de muitos donos da "imprensa baré". Porém quero aqui destacar um outro fato: o estudante Jonathas dos Santos Alves, de 18 anos estava perdido na floresta há 42 dias. Ao contrário do caso anterior, as buscas não prosseguiram e ele foi achado pelo próprio pai, o agricultor Edilson Avelino dos Santos, de 41 anos, nas proximidades do quilômetro 67 da BR 174, estrada essa que liga Manaus a cidade de Presidente Figueiredo, a mesma cidade onde os "aventureiros" que são empresários se perderam.

Jonathas foi encontrado vivo, mas não resistiu e veio a falecer. Após esse breve histórico surgem as perguntas: por qual motivo as nossas autoridades não prosseguiram as buscas por Jonathas? - No caso dos "aventureiros", as buscas seriam interrompidas?

O que fica claro aqui é que há em nossa sociedade de maneira geral, dois pesos e duas medidas. Se é "gente importante", as coisas são feitas de forma ágil, se é apenas um agricultor com o filho perdido, que se ....

Parece ser esse o pensamento de nossas autoridades ao finalizarem as buscas por Jonathas que faleceu nos braços do pai dele segundo a imprensa local. No Brasil, para ter um pouco de sossego e melhores condições de vida, é necessário pagar. Paga-se a mais por educação, saúde, segurança, cultura etc. Quando sair o valor da dignidade me avisem.

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