quinta-feira, 17 de julho de 2008

Um herói quase perfeito

Luiz Guilherme

Will Smith volta às comédias na pele de um super-herói impopular


Se super-heróis existissem eles seriam como Hancock (2008) personagem-título interpretado por Will Smith. O filme traz à tona alguns questionamentos inexistentes nos outros filmes do gênero. Afinal, quantos prejuízos os cofres públicos teriam para consertar tudo que um herói destrói quando enfrenta um vilão? A partir daí começamos a pensar quanto custaria ser defendido por heróis "quebra-quebra" como as meninas super-poderosas e o Jaspion - ainda mais quando o vilão se transforma em gigante e ele é obrigado a chamar seu robô, também, gigante para lutar no meio da cidade.

Bem, apesar de ser um filme-pipoca, Hancock traz essas reflexões interessantes, ou seja, vira do avesso aquele "mundinho perfeitinho" dos heróis, cujas dificuldades soam totalmente artificiais e forçadas. Hancock chega a ser quase como o personagem literário Macunaíma (criado pelo escritor paulista Mário de Andrade), sem nenhum caráter. Pinguço de carteirinha, dorme nos bancos públicos agarrado a uma garrafa, anda maltrapilho e sujo, e é grosseiro com todo mundo. Qualquer operação de resgate que ele se meta acaba em prejuízo para a prefeitura de Los Angeles. Por isso, ao invés de ser idolatrado, passa a ser alvo de críticas severas de jornalistas, vaiado por populares e suas atrapalhadas são postadas constantemente no Youtube. Porém a sua vida dá uma reviravolta quando ele salva a vida (ao mesmo tempo que causa um estrago) do relações públicas Ray Embrey (Jason Bateman). Como forma de agradecimento Ray se oferece para cuidar da imagem de Hancock e transformá-lo num herói querido. Apesar de muita resistência ele aceita e Ray tem a difícil missão de reeducá-lo e encaixá-lo em velhos padrões do mundo dos heróis como ter uma frase de efeito e vestir um uniforme. Mas, quando a mulher de Ray, Mary (Charlize Theron), aparece, ocorre uma atração misteriosa entre eles, pois, ela também tem super-poderes. Detalhe: os dois não podem ficar juntos senão Hancock começa a perder os poderes.
As cenas de ação não são de tirar o fôlego, mas, são eficazes, assim como a direção de Peter Berg. E também este é um daqueles filmes que começam na comédia e terminam num drama. O final tenta arrancar lágrimas do espectador ao mostrar aquele que era um anti-herói tentando se superar e se tornar uma pessoa melhor. O máximo que consegue (com exceção dos sensíveis) é o silêncio da platéia.
Após dois filmes sérios, Hancock marca a volta de Will Smith ao gênero que o consagrou: a comédia. E já está se consalidando como o sucesso destas férias. Liderou as bilheterias por duas semanas consecutivas arrecadando US$ 70,4 milhões nos países que está sendo exibido; tem todos os ingredientes para isso: efeitos especiais interessantes, piadas rápidas e inusitadas (algumas de embrulhar o estômago), e um "dramazinho" básico. E além da diversão, traz ao público uma visão mais realista dos super-heróis, se eles existissem, é claro.

Um comentário:

Mário Bentes disse...

Na verdade, eu achei que o roteiro de perdeu completamente. A principio, tudo ia bem com as cenas hilarias de Hancok destruindo as coisas tentando salvar alguem.

Depois, no entanto, a historia toma um rumo fora do contexto e desagrada. O fato dele perder seus poderes no contato com Theron simplesmente e desnecessario.

E essa tentativa mal-sucedida de "dramatizar" acabou em nada.

Fora que muito da historia de Hancok nao foi explorada. Talvez em uma continuacao, os roteiristas consigam se redimir.