domingo, 14 de setembro de 2008

O Sinal

Por Joanne Régis

Os sinais de trânsito perto de minha casa, nunca foram tão freqüentados. Se antes havia apenas carros e pedestres apressados, agora há crianças pedindo, vendendo, perdendo um precioso momento da vida. Elas olham, oferecem, torcem pra “tia” comprar, mas a “tia” só olha, indignada, triste e pensativa.
O que fazer diante desse quadro? O governo não os vê? Ninguém se importa? Esses meninos e meninas me fazem refletir sobre a vida. Como ela pode ser doce e amarga ao mesmo tempo. Bela e cruel.
O olhar, o jeito de falar, as brincadeiras, só revelam que são crianças. Um deles até esquece de vender para mexer com alguém...Risadas ecoam...Talvez algumas delas usam drogas, talvez apanhem dos pais, talvez tenham sonhos e desejem aqueles carros grandes que de vez em quando passam por ali.
Carros de políticos que não se importam, de empresários que precisam de boas idéias para ganhar mais dinheiro, de “dondocas”preocupadas com o que vão vestir na próxima festa.
O tempo passa pra nós, mas pra eles não. Estão sempre ali e chegam novos para se juntar a eles. O sinal abre, fecha, buzinas tocam, xingamentos. O tempo passa, nada é feito e eles continuam lá.

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