Manaus é assim

Imagem: mecnita.com

Luiz Guilherme Melo

Vou dar uma volta. Vou conhecer mais a minha cidade. Desta vez, andar por ela como turista e não como morador. Com essa postura pretendo explorar pequenos detalhes que embelezam ainda mais a capital amazonense.

Ando pela feira e logo minhas narinas são invadidas pela fragrância gastronômica que esta cidade possui: Tacacá, com ou sem cebola e cheiro verde; peixe de todo tipo e tamanho sendo preparado nos restaurantes populares, e nos chiques também; uma variedade incrível de frutas fresquinhas; dá água na boca. Também tem mercadorias expostas por animados vendedores ambulantes que, sem nunca ter pisado numa universidade, conseguem ser bons publicitários ao anunciar seus produtos: espelho, roupa, pente, prendedores de cabelo, guaraná em pó, rede, enfim, tudo que a gente possa imaginar.

Ando pelas ruas no final da tarde e vejo cidadãos sentados na sarjeta jogando conversa fora. São prosas acompanhadas de risadas, risadinhas e risadões. Tudo é falado: casos curiosos, política, esporte, novidades e até histórias sobre assombrações, geralmente contadas por senhores que vieram do interior. Tudo isso enquanto o sol, aos poucos, deita no horizonte.

Passo por uma praça espaçosa, cheia de gente, de todas as idades, e vejo ao longe um grupo de pombos se alimentado. Tento espantá-los com palmas, só para ter o prazer de vê-los voarem ao mesmo tempo. Foi em vão. Estão acostumados com os humanos. Deixei-os em paz.

Fui para um lugar alto da cidade. Acabei descobrindo algo interessante. Manaus tem a proeza de unir o cinza com o verde. Mesmo com um deles querendo se sobressair, ela os une. E eles convivem em harmonia, apesar da dominação do cinza nas grandes capitais do mundo.

Depois de passar o dia recebendo raios intensos de calor, Manaus toma uma chuva; a mais molhada do país. Vivificando ainda mais o verde urbano. Coisa linda de se vê. Fujo dela e busco abrigo num Teatro majestoso. Nunca tinha chegado tão pertinho e a admiração é inevitável. Também, só via de longe ou por foto, por isso, eu não queria mais sair dali.

Bom, tenho que acabar esse passeio turístico sem guia. Não precisa. A própria Manaus se exibiu para mim; mostrou-me detalhes que passam despercebidos por nossos olhos no dia-a-dia. Finalizei esta magnifica exploração assistindo um pôr do sol na Praia da Ponta Negra. Que visão privilegiada! O sol despencando e dourando o rio. Diante de tamanho espetáculo, suspirei e cheguei a uma conclusão: Manaus é assim mesmo, cheia de qualidades e repleta de virtudes. Agora, você deve estar se perguntando como eu consegui ir em tantos lugares em poucas linhas? Muito simples. Eu fechei os olhos. Manaus é uma cidade inspiradora.