sábado, 3 de janeiro de 2009

Redução de juros já!

Cliferthon Lucas

Desde que assumiu a presidência da República em meados de 2003, o presidente Lula (PT) sempre atacou com veemência os chamados “especuladores do mercado”. Que na verdade são sanguessugas que ganham a vida criando o pânico no setor financeiro.

O Comitê de Política Monetária (Copom), órgão técnico que sempre teve a árdua incumbência de puxar o freio de mão todas as vezes que a ala politiqueira dos governos tentou levar para a economia a “dinâmica impressionista” da política. Por razoes técnicas, os economistas nunca embarcaram na onda da redução eleitoreira dos juros para fazer boa pinta junto à classe média.

Em muitos casos, ministros, líderes do governo no Senado e na Câmara resmungaram, mas, os técnicos econômicos do Copom só baixaram os juros quando era seguro. Mesmo mantendo certa postura conservadora, as decisões técnicas sempre foram mantidas em detrimento das políticas. E é salutar que seja assim.

Voltando ao caso dos especuladores, são pessoas que ganham a vida disseminando mentiras, medos e climas de incerteza quanto à capacidade de absorção de investimentos de determinado país. E não é diferente nesta crise. Porém, o Brasil, que sempre acatou as decisões soberanas do Copom pede a este que não ande na contramão do mundo.

Além de espaço, é a hora exata de agir, e reduzir os juros na próxima reunião da entidade. Precisamos demonstrar ao mundo que nossa economia é forte e vamos aguentar firmes as turbulências dos mercados. Nosso setor bancário é solido, nossas empresas estão produzindo e o mercado interno, o grande consumidor de nossa produção, vai ajudar a diminuir os impactos da crise.

É importante não dar espaço para atuação dos especuladores. E ai cabe também uma crítica a mídia de forma geral. Sei que vender o mal é mais rentável do que coisas boas, mas, o que vemos é uma onda de negativismo e descrença em nosso país, que mais tarde vai ser um tiro nos pés.

O medo de inflação cedeu lugar ao da deflação. O nível de atividade econômica teve uma queda acentuada na maioria dos países e por conta disso, China já reduziu cinco vezes seguidas os juros. O Tio Sam, que é o responsável pela sua irresponsabilidade direta na crise, já colocou a zero os seus juros. Alem desses, Colômbia, Japão, África do Sul, Coréia, Taiwan, Suíça, Inglaterra, Canadá, Nova Zelândia, Austrália, Índia, República Tcheca, Suécia, Turquia, Tailândia, Vietnã e todos os países que funcionam a peso do Euro. Não faz, mas sentido manter os atuais 13,75%.

Países que subiram os juros o estão fazendo por medo da fuga de capitais como a Rússia, ou por estarem pedindo socorro do FMI como a Bulgária. Ou por quebrarem mesmo como a Islândia.

Anteriormente, os juros subiram porque havia aquecimento no setor produtivo e no de consumo. As commodities alcançavam preços exorbitantes (como o preço do petróleo) e os alimentos davam margem à inflação. 

Agora, a marola virou uma onda gigantesca e as ações do BC e do Copom principalmente, terão que ser diferentes. A demanda caiu e em conseqüência a previsão de crescimento também.  O próprio BC estima que o PIB recue ano que vem 0,7%. Apesar disso, o governo Lula prevê um crescimento de 4%, a FIESP algo em torno de 3,2% e a ONU num péssimo cenário, afirma que o Brasil cresça somente 0,5%.  

O Banco Central vem injetando dinheiro no mercado a fim de diminuir o impacto e fugas de capital. Abriu linhas de créditos especiais para grandes empresas e está atento as andanças do mercado mundial.

A redução de juros é primordial para impedir uma queda maior do crescimento econômico. A inflação está controlada na casa dos 6% e proporcionará que a redução de juros seja eficiente. 

Medidas importantes já estão sendo tomadas. O governo anunciou um aumento no valor dos imóveis que poderão ser financiados com recursos do FGTS. Isso deve ampliar as facilidades para famílias com renda de até R$ 1.140.00 possam adquirir sua casa própria. A proposta é importante porque o setor da construção civil absorve grande mão de obra e utiliza poucos produtos derivados da importação. 

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