quarta-feira, 11 de março de 2009

Cabelos na chapa, neurônios fritos

Elza Souza*

Não adianta. Uma coisa é cabelo liso. Outra coisa é cabelo alisado. Essa mania de cabelo espichado na chapa quente virou maluquice. Mulheres com cabelos crespos estão em extinção. Elas pagam qualquer preço por qualquer método que dê um jeito no que chamam de “cabelo ruim”. Até bondosas mães estão transformando os cabelos ondulados das crianças em fios eriçados e queimados até as suas entranhas. Recentemente, uma mãe, esposa de um artista que faz parte de uma dupla de cantores, atendendo exigência dos filhos menores de doze anos, passou a chapa na cabeça de um menino e uma menina. –Ah porque eu queria ficar igual a minha colega, disse a menina.

Os pais alegaram ter consultado o pediatra antes de permitir a sandice e foi usado um produto “mais fraco”. Médicos responsáveis e preocupados com a saúde dos pacientes desaconselham o uso da chapa e de químicas nas crianças e dizem não existir esse jeito “fraco” para crianças. O alisamento de cabelos pode ser feito em cabeças “cascudas” de adultos mas nunca em tenras cabeças infantis.  Com a chapa são usados produtos químicos que deixam cabelo e miolo, moles, até de quem deveria ter juízo. Os adultos com cabelos encaracolados resolveram formar um mundo de “cabeças chapadas”. Uma moda de resultado duvidoso, horroroso, de extremo mau gosto. Um mundo onde a saúde é queimada até a raiz do cabelo e as mulheres se pareçam umas com as outras. Peitos, bumbuns e cabelos deixam mulheres e agora crianças parecendo um produto em série, feitos às centenas numa fábrica qualquer de Taiwan.

Tudo bem que os adultos queimem seus cabelos e seus neurônios mas deixem em paz os cabelos das crianças. Quando eles crescerem vão ter tempo de sobra para usar chapas, tinturas, secadores, defrisagens, alisamentos, banhos de chocolate. Essas coisas que “melhoram a auto estima”, dizem alguns. Então tá.

*Jornalista

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