Na placa o aviso era claro: Dinheiro fácil, quero dizer, “remédio fácil”. Depois de muito tempo voltei ao Posto de Saúde Dr. José Rayol na avenida Constantino Nery ao lado do Hospital Eduardo Ribeiro. O posto estava fechado para reforma. Cheguei cedo para o atendimento e fui analisar as benfeitorias que motivou tanto tempo fechado. Podem acreditar. Nada havia mudado. Minto. Fecharam uma porta nos fundos do prédio e observei na antiga placa na pequena sala onde são distribuídos os remédios, a frase promissora acima. Pensei, já que é fácil e estou com a receita do pronto socorro vou constatar isso. Chamei a atendente e ela me explicou que eu teria que levar a receita na assistente social para autorização que, naquele horário, 8 horas da manhã, ainda não havia chegado. A moça ainda perguntou o nome do medicamento. Ao responder ela me comunicou que não tinha aquele produto. Desde a última consulta, antes da reforma, que esse bendito remédio está em falta. Que droga! E olha que é um remedinho bem básico, comum, para quem sofre de hipertensão, o propanolol. Lembro como se fosse hoje que quando fui com a receita a este mesmo guichê receber o medicamento necessário ao controle da doença, a resposta negativa foi a mesma, igualzinha a de hoje, depois da reforma.
Enquanto espero na fila para marcar uma consulta com a única médica do posto, fico olhando atentamente para ver mudanças, melhorias. O lugar sempre foi bem conservado, pintura nova, muitos funcionários circulando. E continua tudo igual como antes. Ah lembro que tinha uns brinquedos de plásticos que entretinham as crianças. A moça avisou que só ia marcar consulta depois do dia 20 de março. Só estava atendendo o pediatra. Pude constatar que o problema é falta de médicos, dentistas, de profissionais de saúde. Os pacientes, pacientemente, esperam sentados nas cadeiras espalhadas pelo corredor.
Fora a porta dos fundos e a frase “remédio fácil” na placa posso garantir que nada, nada mesmo foi reformado. Voltei ao posto para atendimento e perguntados sobre as reformas alguns funcionários respondem prontamente: “o que mudou foi a instalação elétrica que é toda nova”. Será?
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