domingo, 19 de outubro de 2008

Agora eles são jovens

Por Luiz Guilherme Melo

A capa da primeira edição do novo gibi já avisa: eles cresceram. E como. Agora, Mônica, Cebolinha (ou melhor, Cebola), Cascão e Magali são jovens. Oito anos mais velhos. Tudo mudou. Não só o tamanho, mas os traços também. A nova fase da turma, com todos os questionamentos e acontecimentos comuns da adolescência, é retratada em estilo mangá. Para isso houve mudanças significativas no desenho. Por exemplo, ao invés daquele tradicional olhão, os olhos dos personagens passam a ser grandes e expressivos – os fãs de animes já estão bem habituados. E como não poderia faltar, o humor é bastante explorado com as técnicas usadas nos mangás japoneses, como aquelas gotas grandes para simbolizar constrangimento ou dúvida, risquinhos no rosto para simbolizar timidez  e outros exageros que os mangakas (como são chamados os desenhistas japoneses) usam para acentuar as emoções de seus personagens.

Maurício de Souza sempre manifestou interesse em criar uma aventura paralela da turma. Finalmente colocou em prática. E foi além, ou seja, ao invés de desenhar Mônica e cia. indo para a escola como sempre falou, lançou uma revista com as aventuras da turma na juventude, saciando, assim, a curiosidade de muitos fãs que queriam saber como seria a vida da turminha nessa fase. Porém, Maurício tem sido cauteloso na nova empreitada. Ele quer, nessas primeiras edições, sentir a reação do público; e pretende com o tempo tratar sobre temas mais sérios. “Pretendemos abordar questões pertinentes à adolescência, como namoros, sexo e até drogas. Mas de uma maneira bem estudada. Como se fosse de pai para filho”, escreveu Maurício de Souza no texto de apresentação publicado no site da revista. Apesar disso, a turminha não deixará as aventuras de lado. Muito pelo contrário. Na primeira edição, publicada em agosto ao preço promocional de R$ 5,90 (cada exemplar publicado mensalmente será vendido a R$ 6,40), deu-se o pontapé inicial a uma saga chamada “As Quatro Dimensões”. A aventura começa quando um antigo vilão, o Capitão Feio (agora chamado Poeira Negra) retorna, invade o museu e liberta a maligna rainha Yuka, que  dominará o mundo caso a turma não consiga retornar com os quatro objetos místicos esondidos em quatro reinos. É claro, como não poderia deixar de faltar, a história se desenrolará com pitadas de humor e romance, principalmente entre Mônica e Cebola.

A revista é agradável de ler. A capa é bem trabalhada e os quadrinhos, como os mangás japoneses, são em preto e branco. O único detalhe que Maurício de Souza não alterou foi a ordem de leitura. Ao invés de ser lido no estilo oriental, como  as traduções de mangás famosos como Cavaleiros do Zoadíaco fazem questão de deixar,  a Turma da Mônica Jovem é lida no sentido ocidental, ou seja,  da esquera para a direita.

“Nosso primeiro número foi um sucesso.  A editora teve que religar a impressora várias vezes para atender a demanda explosiva. De uma previsão de 50 mil exemplares saltamos para mais de 200 mil”, escreveu Maurício na segunda edição do mangá (de setembro). Histórias sobre jovens eram desafios para ele. Em entrevista concedida em 1998, publicada na revista comemorativa Mônica 35 anos, Maurício disse que achava mais difícil escrever histórias sobre jovens (se referindo a Turma da Tina, até bem pouco tempo o único núcleo jovem entre os seus personagens) porque não é fácil se manter atualizado sobre um mundo tão dinâmico como o da juventude. Bem, Maurício de Souza, mesmo aos 72 anos, faz questão de preservar um gosto juvenil por novos desafios.

Vale destacar que as aventuras da Turma da Mônica na infância continuarão sendo publicadas normalmente, no mesmo estilo de sempre. Porém, nesta nova revista, houve grandes mudanças na personalidade de cada um. Leia abaixo as principais:

Mônica: Exceto a personalidade temperamental, mudou muito. Mesmo crescida, ela não conseguiu largar do Sansão, mas, agora anda com ele guardado na bolsa. Como toda adolescente normal, se chateia com o pai super-protetor e gosta de músicas românticas. Tem uma quedinha pelo Cebola.

Magali: A jovem Magali continua meiga e delicada. Comilona também, mas, nem tanto. Ela pratica esportes e come com moderação. Mesmo assim não resiste a um lanchinho de vez em quando.

Cebolinha: Detesta que o chamem assim. Prefere ser chamado de Cebola. Talvez foi o personagem que mais sofreu mudanças. Não é mais tão careca, pois exibe uma cabeleira mais robusta. Não troca os “erres” pelos “eles” porque ele está se consultando com uma fonoaudióloga. Às vezes tem uma recaída e acaba trocando as letras, principalmente quando está nervoso. É afim da Mônica.

Cascão: Assim diz a música-tema do mais sujinho da turma: “o Cascão aposto e ganho, vai morrer sem nunca tomar banho...”. Morreria, pois aquilo que achávamos impossível aconteceu. Cascão agora toma banho, embora seja de vez em quando e continue não gostando muito da idéia. Usa brinquinho e se amarra em esportes radicais.

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